quinta-feira, 19 de abril de 2018

Nove são presos por desviar remédios de alto custo para tratamento de câncer em 3 estados e no DF

Investigação aponta que grupo conseguiu R$ 16,5 milhões ao revender medicamentos para hospitais e clínicas entre setembro de 2014 e maio de 2016.


Por Bruno Tavares e Robinson Cerântula, TV Globo e G1 São Paulo
31/01/2018 07h40  Atualizado há menos de 1 minuto
Nove pessoas foram presas na manhã desta quarta-feira (31) acusadas de desviar medicamentos de alto custo de órgãos públicos. A investigação aponta que o grupo conseguiu R$ 16,5 milhões ao revender medicamentos para hospitais e clínicas entre setembro de 2014 e maio de 2016.
Os nove mandados de prisão e 16 de busca e apreensão da operação Medlecy 2 foram cumpridos em São Paulo, Goiás, Espírito Santo e Distrito Federal. Eles foram presos pelas práticas de organização criminosa e crime contra a saúde pública.
A operação coordenada pela Corregedoria Geral da Administração, do Governo do Estado de São Paulo, e o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), do Ministério Público, é desdobramento das investigações iniciadas em abril de 2015 em Bauru, no interior paulista, que apurou a atuação de grupo criminoso.
Segundo essa primeira investigação, os criminosos conseguiam medicamentos de alto custo de origem ilícita, como furto, roubo e desvio de órgão público, para, em seguida, por meio de empresas de fachada, promover a venda desses medicamentos a clínicas e hospitais. Nesta operação, nomeada de Medlecy, foram cumpridos 12 mandados de prisão e oito continuam presos.
Ao término dessa investigação, que durou cerca de um ano, o Gaeco ofereceu denúncia contra 15 pessoas residentes em Piratininga, Bauru, São Paulo, Campinas, Ribeirão Preto e Goiânia por organização criminosa, crime contra a saúde pública e receptação dolosa qualificada.
Após essa primeira investigação do Gaeco, a Corregedoria identificou que caixas dos medicamentos de alto custo recuperadas durante a operação inicialmente tinham sido vendidas à Secretaria de Estado da Saúde para o tratamento de câncer. Pelos valores de aquisição, cada caixa custava cerca de R$ 8 mil.
A Corregedoria também identificou que um dos investigados é funcionário público do estado de São Paulo e trabalha como motorista no Instituto de Infectologia Emílio Ribas. Entre abril e maio de 2016, o servidor teria recebido R$ 125 mil em depósitos bancários.
Paralelamente ao cumprimento dos mandados, estoques das farmácias de alguns hospitais estaduais foram vistoriados.


19/05/2016 15h45 - Atualizado em 19/05/2016 17h57
Quadrilha que desviava remédios participava de licitações, diz Gaeco
Foram apreendidos R$ 4 milhões em medicamentos de alto custo.
Doze pessoas foram presas na operação no interior de São Paulo.
Do G1 Bauru e Marília
quadrilha presa nesta quinta-feira (19) em uma operação do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) de Bauru (SP), contra fraudes em notas fiscais de medicamentos de alto custo, é suspeita de desviar medicamentos para tratamento de câncer de hospitais e depois participar de licitações para vender os produtos para instituições de saúde. A operação é realizada em conjunto com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e a Polícia Militar.
As investigações apontam que um distribuidor de medicamentos receberia esses produtos, desviados com a ajuda de funcionários de instituições de saúde, e entraria em processos de licitação para vendê-los aos hospitais, segundo o Gaeco.
Já foram apreendidos R$ 4 milhões em medicamentos, a maioria de uso restrito de hospitais. Em nota, o Gaeco informou que 11 pessoas foram presas preventivamente e uma está em prisão domiciliar. Seis prisões ocorreram em Piratininga e Bauru, três em Ribeirão Preto, uma em Campinas, uma em São Paulo e uma em Goiânia (GO).
Segundo as investigações, que começaram há um ano, um funcionário desviava medicamentos da Santa Casa de Araraquara e vendia os remédios por preços bem abaixo do mercado. A Anvisa começou a suspeitar desse desvio e procurou o Gaeco que junto com o serviço de inteligência da Polícia Militar iniciou as investigações em várias cidades do estado de São Paulo e também em Goiânia.
Remédios na casa
Boa parte dos medicamentos apreendidos foi encontrada em uma casa que fica na Vila Indepedência, bairro de Bauru (SP). Segundo o sargento da PM, Jairo Constâncio, os medicamentos, a maioria para usada no tratamento de câncer, eram estocados na casa até serem distribuídos.
No bairro Ferradura Mirim, também em Bauru, foram encontrados muitos medicamentos em um escritório e duas pessoas foram presas.    
Gaeco também cumpriu um mandado de busca e apreensão na residência de um funcionário da Santa Casa de Araraquara. Na casa do funcionário, no bairro Santa Angelina, os policiais que participaram da ação encontraram três caixas do medicamento Glivec, utilizado no tratamento de pessoas com câncer, com custo estimado de R$ 5 mil cada.
O suspeito não estava no imóvel e a equipe foi até o escritório dele na Santa Casa para realizar novas buscas, mas ele também não foi encontrado no hospital. A esposa do funcionário foi levada para a Delegacia de Investigações Gerais (DIG) e está prestando depoimento.
"Ele não foi localizado, mas, após uma minuciosa busca na residência, foram localizadas três caixas de remédios com valor estimado no mercado de R$ 15 mil, então, de certa forma, a operação foi um sucesso e agora as investigações da DIG e do Gaeco com certeza vão colaborar para descobrir como é a ramificação desse grupo criminoso", disse o tenente da Polícia Militar Richard Braga de Oliveira.
Em nota, a Santa Casa de Araraquara ressaltou que o investigado é o funcionário e não a instituição e que o trabalhador em questão foi afastado imediatamente das funções que exercia. A nota esclarece ainda que a Santa Casa abriu às portas para a ação da polícia e tem colaborado com as investigações do Ministério Público.
Entenda a operação
O Gaeco de Bauru, em conjunto com integrantes da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e da Polícia Militar, promoveu nesta quinta-feira (19) uma 
operação para prender uma quadrilha suspeita de fraudar notas fiscais de medicamentos de alto custo e vender os produtos no mercado.
Só em um dos locais vistoriados foram apreendidos caixas de medicamento que custam em média R$ 5 mil cada. Carros de luxo utilizados pelo grupo também foram apreendidos em Piratininga. Foram cumpridos 37 mandados de prisão, busca e apreensão em Bauru, Piratininga, Arealva e Agudos, além de Ribeirão PretoCampinasGuarulhosJundiaíMonte Mor, Araraquara, São PauloOsasco, e Goiânia.
Os integrantes da quadrilha podem responder por organização criminosa, crime contra à saúde pública e receptação dolosa qualificada.

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