Cientistas desenvolvem exame de sangue
que detecta oito tipos de câncer em estágio inicial
Teste em estudo detectou cânceres nos ovários, no fígado, no estômago,
no pâncreas, no esôfago, no reto, no pulmão e na mama.
Por France
Presse
19/01/2018 08h19 Atualizado há 59 minutos
Um novo exame
de sangue para o câncer se mostrou promissor para detectar oito tipos
diferentes de tumores antes de eles se espalharem para outras partes do corpo,
oferecendo esperança de detecção precoce, disseram pesquisadores nesta quinta-feira
(18).
Mais estudos
são necessários antes de que o teste, chamado CancerSEEK, possa se tornar
amplamente disponível por um custo projetado de cerca de US$ 500, disse o
estudo publicado na revista científica americana Science.
O estudo,
liderado por pesquisadores da Universidade Johns Hopkins, envolveu 1.005
pacientes cujos cânceres - já pré-diagnosticados com base em seus sintomas -
foram detectados com uma taxa de precisão de cerca de 70% no total.
Os cânceres
foram detectados nos ovários, fígado, estômago, pâncreas, esôfago, cólon ou
reto, pulmão e mama.
Para cinco
desses tipos de câncer - ovário, fígado, estômago, pâncreas e esôfago - não há
exames de rastreio disponíveis para pessoas de risco médio.
O exame foi
capaz de detectar esses cinco tipos com uma faixa de sensibilidade de 69% a
98%.
Em 83% dos
casos, o exame foi capaz de delimitar onde o câncer estava anatomicamente
localizado.
O teste é não
invasivo e baseado na análise combinada de mutações de DNA em 16 genes de
câncer, bem como dos níveis de 10 biomarcadores de proteínas circulantes.
"O
objetivo final do CancerSEEK é detectar o câncer ainda antes - antes de que a
doença seja sintomática", afirmou o estudo.
Reação de especialistas: mais estudos são necessários
Especialistas
de fora do estudo disseram que é necessário que haja mais pesquisas para
descobrir a verdadeira precisão do teste e se este seria capaz de detectar
cânceres antes do aparecimento de sintomas.
"Isso
parece promissor, mas com várias ressalvas, e uma quantidade significativa de
pesquisa adicional é necessária", disse Mangesh Thorat, vice-diretor da
Unidade de Ensaios Clínicos Barts da Universidade Queen Mary de Londres.
"A
sensibilidade do teste no câncer de estágio I é bastante baixa, cerca de 40%, e
mesmo nos estágios I e II combinados parece ser em torno de 60%. Portanto, o
exame ainda vai deixar escapar uma grande proporção de cânceres no estágio em
que nós queremos diagnosticá-los".
Nicholas
Turner, professor de oncologia molecular no Institute of Cancer Research, em
Londres, apontou que a taxa de falso positivo de 1% do teste pode parecer
baixa, mas "poderia ser uma preocupação significativa para o rastreamento
da população. Poderia haver muitas pessoas que são informadas que têm câncer que
talvez não tenham".
No entanto,
Turner descreveu o artigo como "um passo ao longo do caminho para um
possível exame de sangue para detectar câncer, e os dados apresentados são
convincentes a partir de uma perspectiva técnica sobre o exame de sangue".
Muitos outros
esforços estão em andamento para desenvolver exames de sangue para o câncer.
"Eu não
acho que esse novo teste realmente tenha movido o campo da detecção precoce
muito para a frente", disse Paul Pharoah, professor de epidemiologia do
câncer na Universidade de Cambridge.
"Continua
sendo uma tecnologia promissora, mas que ainda deve ser comprovada".
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