segunda-feira, 21 de dezembro de 2020
sexta-feira, 18 de dezembro de 2020
Saiba o que existe de mais avançado no tratamento do câncer de mama
Conquistas mais recentes trazem medicamentos que agem diretamente na
célula doente ou estimulam o sistema imune a atacar o câncer
https://noticias.r7.com/saude/saiba-o-que-existe-de-mais-avancado-no-tratamento-do-cancer-de-mama-31102020
- Brenda Marques, do R7
- 31/10/2020 - 02h00
Cada avanço no tratamento serve para
um tipo específico de câncer de mama
Freepik
O câncer de mama não é uma doença
única, existem diferentes tumores e, portanto, há tratamentos e avanços que
contemplam um tipo específico dentre eles. As conquistas mais recentes são no
âmbito da terapia-alvo, que age diretamente nas células cancerígenas sem afetar
as que estão saudáveis e da imunoterapia, que estimula o próprio sistema
imunológico a atacar o câncer.
Noam Ponde, oncologista clínico do
A.C.Camargo Cancer Center, afirma que no mês passado, durante o Congresso
Europeu, houve um grande avanço, com a apresentação de uma pesquisa que mostrou
a eficácia de um medicamento chamado abemaciclib para tratar pacientes com
tumores luminais -que têm receptores de estrógeno e progesterona - na fase
inicial, quando não há metástase.
Esse tipo de tumor corresponde a mais
de 70% dos cânceres de mama, de acordo com o Inca (Instituto Nacional de
Câncer).
"Antes, eles eram usados só para
pacientes com câncer metastático [quando o tumor já se espalhou para outras
partes do corpo]. O estudo mostrou que quando esse remédio é usado por dois
anos junto com a terapia endócrina aumenta a chance de cura para mulheres com
alto risco de reaparecimento da doença", explica.
O especialista explica que esse
medicamento faz parte dos chamados inibidores de ciclina, um tipo de
terapia-alvo que impede a divisão e multiplicação das células cancerosas.
Ainda em 2019, foram obtidas
conquistas para tratar mulheres com câncer metastático do tipo HER2. Assim
chamado em referência à proteína que ele expressa, esse tumor representa 20%
dos cânceres de mama.
"Tivemos a aprovação de três
drogas nos Estados Unidos: neratinib, tucatinib e trastuzumab-deruxtecan. Os
três são terapia-alvo, mas de catecorias distintas", detalha Ponde.
O oncologista esclarece que o útimo
medicamento citado pertence à classe dos anticorpos monoclonais, que agem em um
receptor específico da célula cancerígena, "É como um míssil teleguiado e
joga dentro da célula a quimioterapia, então você consegue uma eficácia maior e
toxicidade menor", compara.
"Estudos mostraram que pacientes
que já haviam feito outros tratamentos e receberam essas drogas apresentaram
uma diminuição do tumor e, além disso, a doença ficou sob controle por um tempo
mais longo do que o esperado", destaca.
Também ano passado, o Brasil aprovou
a primeira
imunoterapia destinada para pacientes com câncer de mama no país,
feita com um medicamento injetável chamado atezolizumabe.
O mecanismo de ação da imunoterapia
consiste em "destravar" o sistema imune, que é bloqueado por alguns
tipos de câncer. Essa liberação permite que as células de defesa do organismo
reconheça e destrua o câncer, conforme descreve Ponde.
"O problema é que, com o
fortalecimento do sistema imunológico, outras partes do corpo acabam sendo
atacadas, como pulmão, pâncreas e glândula tireoide, então tem risco de
hipotireoidismo", explica.
Além disso, a abrangência da
imunoterapia para o câncer de mama é muito limitada: seu uso está aprovado por
órgãos reguladores só para pacientes que possuem câncer de mama triplo-negativo
(que não possuem receptores hormanais nem a proteína HER2), metastático e a
expressão de uma molécula chamada PDL-1, que impede o combate às células
cancerosas.
"Existem dados promissores
[sobre a eficácia para outros tipos de cânceres de mama], mas precisa de
aprovação do FDA [Food and Drug Administration, a agência reguladora
americana], que significa muita coisa no contexto de novos tratamentos",
frisa o oncologista.
'Brasil
está atrasado'
Questionado sobre o panorama
brasileiro para o tratamento dos tumores de mama, o especialista enfatiza o
atraso - na aprovação, comercialização, incorporação de novos medicamentos no
SUS (Sistema Único de Saúde) e obrigatoriedade de cobertura por convênios.
"Uma caixa de abemaciclib custa
R$ 18 mil por mês e os planos de saúde não são obrigados a pagar. Imagine a
angústia de você receber o diagnóstico, ter o tratamento disponível, mas não poder
pagar. Só consegue se processar o convênio, o que é absurdo", ressalta
"Nesse momento está havendo uma
consulta pública sobre a inclusão dos inibidores de ciclina no rol da ANS
(Agência Nacional de Saúde), o que tornaria a cobertura obrigatória", informa.
A inclusão no SUS está ainda mais
distante e, por enquanto, não passa de uma utopia. "Nesse momento nem se
pensa nisso. Esse ano o SUS integrou uma droga chamada pertuzumabe que as
pessoas já tomam há 9 anos para tratar o tumor do tipo HER2", exemplifica.
Saiba quais os avanços para tratar e diagnosticar o câncer de próstata
Principal conquista no âmbito de tratamentos, a cirurgia robótica é inacessível para a maioria dos pacientes, pois custa cerca de R$ 20 mil
Do R7
16/11/2020 - 02h00
Pixabay/Reprodução
O câncer de próstata é o segundo mais comum e letal entre
homens - a cada 41, um morre por causa desse tipo de tumor, de acordo com a
American Cancer Society. Nos últimos anos, avanços no diagnóstico da doença têm
propiciado melhores resultados no tratamento, que também teve suas sequelas
diminuídas.
As conquistas mais recentes em relação às ferramentas de
diagnóstico são o Pet Scan e a ressonância magnética multiparamétrica da
próstata - ambos exames de imagem -, como explica o urologista João Manzano, do
Hospital Moriah, em São Paulo.
"Antes, se o PSA [marcador antígeno prostático
específico] ou exame de toque mostrasse alguma alteração, a gente já pedia a
biópsia, mas ela só diagnosticava 30% dos casos, com a ressonância essa taxa de
detecção aumenta para 70%", destaca.
O Pet Scan, por sua vez, permite analisar o corpo inteiro, a
partir da ação de um marcador que tem afinidade com as células cancerígenas.
"Essa substância vai grudar no tumor onde quer que ele esteja. Então, você
escaneia e, se tiver metástase, vai aparecer", descreve o especialista.
No âmbito de tratamentos, o princpal avanço alcançado foi a
cirurgia robótica, que diminui o risco de sequelas e acelera o período de
recuperação sem afetar a possibilidade de cura.
"Impotência e incontinência urinária eram muito mais
frequentes com a cirurgia aberta", afirma Manzano. De acordo com ele,
entre 70% e 80% dos pacientes não apresentam qualquer problema quando a
intervenção é realizada com robôs, ao passo que sem essa tecnologia metade dos
homens são acometidos. "Além disso, o paciente fica menos de um dia
internado no hospital", acrescenta.
Todos essas melhorias são possíveis porque o robô dá ao
cirurgião uma visão tridimensional e tem um grau muito maior de mobilidade em
seus braços, esclarece o urologista.
"A cirurgia é feita com 6 furos no abdome, todo menores
que um 1 cm, pelos quais passam pinças que são conectadas a braços robóticos
controlados por um profissional por meio de um joystick. Então, o robô não é
totalmente autônomo, ele auxilia o cirurgião", enfatiza.
Entretanto, o acesso
a essa tecnologia ainda é um privilégio que se restringe às elites, pois só
está disponível em hospitais particulares e não faz parte do rol de
procedimentos da ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar), o que significa
que os planos de saúde não são obrigados a cobrir despesas com esse tratamento.
"O preço varia, de acordo com o hospital. Mas custa no
mínimo entre R$ 5 mil e R$ 10 mil, isso se o paciente tiver plano de saúde. Mas
para quem não tem, o valor sobe para R$ 20 mil", afirma Manzano.
https://noticias.r7.com/saude/saiba-quais-os-avancos-para-tratar-e-diagnosticar-o-cancer-de-prostata-16112020
terça-feira, 3 de novembro de 2020
Campanha arrecada itens de beleza para mulheres com câncer
COMJOVEM Campinas faz parceria com o SINDICAMP e a ONG De Peito
Escancarado para apoiar movimento no Outubro Rosa
Produtos de beleza arrecadados para doar a mulheres com cânce
O mês de outubro é dedicado ao combate do câncer de mama, no chamado Outubro Rosa. Bethânia Ferragut, idealizadora da ONG De Peito Escancarado, conhece bem a realidade dessa doença. Lutou duas vezes contra o câncer de mama e explica que cuidar de si mesma e se sentir bonita fazia a diferença durante o tratamento.
"Um lenço bonito na careca, uma
maquiagem e acessórios para completar" a ajudavam a se sentir melhor.
"Porém, infelizmente muitas mulheres não têm essa mesma condição de
comprar tais produtos. O câncer mexe demais com muitas coisas, entre elas a
nossa autoestima", diz Bethânia.
Assim, ela criou um projeto, por meio
de sua ONG, para distribuir kits de beleza no Hospital PUC-Campinas para as
mulheres em tratamento. No dia da entrega dos produtos, Bethânia leva todos os
seus parceiros, maquiadoras, fotógrafas, manicures e petiscos para deixar o dia
de medicação mais leve.
Depois de conhecer a história dela,
Rafaela Cozar, responsável pelas áreas de gestão e inovação da empresa Roda
Brasil Logística, e coordenadora da COMJOVEM Campinas, decidiu expandir a
campanha de arrecadação de produtos de beleza para auxiliar as mulheres que
estão lutando contra a doença.
"A Bethânia durante o tratamento
sentiu na pele que a autoestima era a primeira coisa a ir por água abaixo. E
ela pôde perceber que muitas mulheres eram abandonadas pelos maridos, ou tinham
que parar de trabalhar, com pouca ou nenhuma rede de apoio, nessa situação em
que o corpo transforma e fragiliza", descreve Rafaela sobre o processo de
criação da idealizadora da ONG.
Na arrecadação, os itens variam entre
maquiagens, cremes hidratantes, garrafas de água e máscara de tecido.
"Todo mundo pode participar. Para os interessados, o SINDICAMP é um ponto
de coleta, e as pessoas podem contribuir com esses itens", finaliza
Rafaela. A entidade receberá os itens até esta sexta-feira (30).
terça-feira, 27 de outubro de 2020
Testes e ala 'covid free' viram armas anticâncer
Estudos em hospitais que atendem
pacientes com câncer apontaram que, com testagem e criação de vias livres da
covid, é possível realizar procedimentos cirúrgicos eletivos com segurança,
evitar contaminação pelo vírus e impedir que o tratamento seja comprometido ou
se torne mais agressivo se for adiado. No A.C. Camargo Cancer Center, que criou
um protocolo de triagem com testagem para todos os pacientes que vão fazer
cirurgia, um estudo mostrou que, dos 704 pacientes que fariam cirurgia no mês
de maio, 7,6% precisaram ter os procedimentos reagendados porque testaram
positivo para covid-19. Tendo em vista os riscos de complicações trazidas pelo
vírus nos pacientes oncológicos, o hospital estima que, graças ao esquema
"covid free" conseguiu evitar entre sete e nove mortes naquele mês.
Publicada no Journal of Clinical
Oncology, da Sociedade Americana de Oncologia Clínica, uma pesquisa do grupo de
estudos internacional CovidSurg constatou que as taxas de complicações
pulmonares tiveram aumento de mais de 120% e de contaminação por covid de 71%
em hospitais que não tinham alas separando pacientes de covid dos demais.
Foram analisados dados de 447 centros
em 55 países, incluindo Estados Unidos, Espanha, Itália e o Reino Unido. As
pesquisas comprovam a importância de se estabelecer protocolos para garantir
que o tratamento de pacientes oncológicos não seja interrompido.
A Sociedade Brasileira de Cirurgia
Oncológica (SBCO) e a Sociedade Brasileira de Patologia (SBP) demonstraram
preocupação com a queda dos procedimentos cirúrgicos nos primeiros meses da
pandemia.
Um levantamento das duas entidades
apontou que, entre março e junho, cerca de 70% das cirurgias não tinham sido
realizadas e estimou que ao menos 70 mil pessoas deixaram de receber o
diagnóstico de câncer. Segundo a SBCO, as cirurgias voltaram a crescer e, em
setembro e outubro, elas aumentaram cerca de 50% em relação a agosto.
Manter o fluxo
"A gente sabia que não podia
fechar o hospital durante a pandemia, porque começar o tratamento depois de 60
dias tem impacto na taxa de cura. A situação já dura bem mais que isso. Então,
decidimos manter a segurança e o fluxo de cirurgias. E o pilar foi o teste para
todos os pacientes, diz Samuel Aguiar Junior, cirurgião oncologista e head do
Centro de Referência em Tumores Colorretais e Sarcoma do A.C. Camargo Cancer
Center.
No estudo, os pesquisadores citam
dados do grupo CovidSurg, segundo os quais as taxas de mortalidade
pós-operatória entre pacientes infectados pela covid foi de 19,1% em cirurgias
eletivas, mas pode chegar a 27,1% em pacientes com câncer.
De acordo com Aguiar Junior, a
triagem com testes RT-PCR feitos dois a três dias antes da cirurgia, somada à
separação de pacientes com sintomas gripais na entrada do hospital e à criação
de alas para pacientes que testaram positivo para o vírus, foi fundamental para
permitir que os procedimentos continuassem sendo realizados durante o pico da
doença.
De acordo com o protocolo, os
pacientes com cirurgia eletiva tinham ainda de manter o isolamento social. Caso
testassem positivo, um novo exame seria realizado após 14 dias e, com o
resultado negativo, o procedimento poderia ser feito.
Com covid-19
Diagnosticada com câncer de reto no
começo do ano, Maria José Melo da Silva, de 61 anos, estava com a cirurgia
agendada para junho. Quando fez o teste para covid-19, deu positivo. "Não
tinha sintoma nenhum. Minha filha, meu filho, minha nora também tiveram. Estavam
todos me ajudando e, nesse convívio, aconteceu de eu pegar, porque eu só estava
em casa. Por sorte, não foi grave. Um ficou sem paladar, mas não teve nada de
falta de ar."
Ela esperou o intervalo determinado
pelo hospital, repetiu o exame e fez a cirurgia. "Foi tudo tranquilo e não
fiquei preocupada. Estava confiante, e meu estado emocional estava bom. Agora,
vou fazer quimioterapia por seis meses", contou.
Integrante do CovidSurg, o cirurgião
oncológico Felipe José Coimbra diz que os estudos feitos em hospitais
oncológicos apontam a eficácia dos procedimentos adotados e ajudam a nortear as
estratégias nas unidades para proteger os pacientes de infecções.
Maior risco
Coimbra ressalta que "os
cuidados intra-hospitalares não vão acabar e sabemos que o paciente oncológico
é um paciente de maior risco". Assim, diz ele, desde muito cedo se começou
a fazer o teste e organizar a situação "para que eles tivessem um caminho
paralelo e não se misturassem".
Coimbra também é diretor do Instituto
de Saúde Integral e do Centro de Referência Gastro-Intestinal do A. C. Camargo
Cancer Center. "No grupo em que os pacientes foram segregados, os
pacientes sem covid tiveram menos complicações respiratórias e infecções pelo
vírus do que os que estavam sem segregação completa. Houve um aumento de mais
de 100% na taxa de complicação pulmonar no hospital sem via de covid."
Outro ponto avaliado foram as taxas
de infecção pela covid no pós-operatório. Foi de 2,1% no grupo protegido e de
3,6% no grupo sem proteção, um aumento de 70%. "Valeu a pena fazer isso. O
paciente tem direito a um tratamento com segurança e não pode esperar acabar a
pandemia." As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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sábado, 3 de outubro de 2020
Outubro Rosa: veja monumentos que fazem homenagem à campanha
Torre Eiffel, Casa Branca, Congresso Nacional, entre outros, aderiram à campanha de combate ao câncer de mama
https://noticias.r7.com/internacional/fotos/outubro-rosa-veja-monumentos-que-fazem-homenagem-a-campanha-02102020#!/foto/6
02/10/2020
- 10h35 (Atualizado em 02/10/2020 - 10h41)
O Outubro Rosa é um movimento
internacional para a conscientização sobre o controle do câncer de mama, o
Outubro Rosa tem o objetivo de partilhar informações, promover maior acesso aos
serviços de diagnóstico e aos tratamentos e contribuir para a redução da
mortalidade.
Torre Eifel - Paris - França
Casa Branca - Washington - Estados Unidos
segunda-feira, 14 de setembro de 2020
PL amplia acesso de pacientes à quimioterapia oral; oncologistas pedem urgência para aprovação
O projeto foi já aprovado pelo Senado
Federal, mas ainda falta a aprovação na Câmara dos Deputados e, por fim, a
sanção do presidente Jair Bolsonaro
·
Por Jovem Pan
14/09/2020 07h00 - Atualizado em 14/09/2020 07h05
· Vencer o Câncer, existem mais de 40 medicamentos orais para tratamento da doença, além de novos estudos em andamento
A quimioterapia oral é uma forma de tratamento contra
o câncer em
que o medicamento pode ser tomado em casa. Esse foi um avanço em relação aos
tratamentos tradicionais intravenosos em que o paciente precisa ir ao hospital
ou clínica. Osmar Vilela, trata um tumor no rim há sete anos e ressalta melhora
na qualidade de vida. “Estou em em uma fase muito boa graças a essa medicação
que tomo a quase sete anos. Tenho conforto de tomar o medicamento em casa, sem
ter que estar me deslocando para tomar a medicação no hospital”, afirma. O
medicamento intravenoso quando aprovado pela Anvisa, passa a ser de cobertura
obrigatória dos planos de saúde. No entanto, o mesmo não acontece com a
quimioterapia “oral”, que além de provada pela Agência Nacional
de Vigilância Sanitária (Anvisa), também precisa entrar no rol
de procedimentos da Agência Nacional de Saúde, trâmite demora no
mínimo dois anos. Para o oncologista Fernando Maluf esse processo pode
prejudicar o tratamento de muitos pacientes. “Não existe nenhuma razão biológica
para isso, nenhuma razão médica. Até porque, hoje, 70% dos remédios contra o
câncer são remédios orais. E o mais importante: têm remédios orais que não tem
nenhum substituto endovenoso. Ou é aquele ou é aquele, não tem um segundo
remédio”, explica.
A Renata trata um
câncer de mama e precisou recorrer à Justiça para conseguir o medicamento.
“Minha médica viu que a melhor opção seria usar a quimioterapia oral que, a
principio, foi recusada pelo plano. Então entrei com um processo para receber o
medicamento”, afirma. O projeto de lei 6.330/2019, de autoria do senador José
Reguffe (Podemos) busca facilitar e ampliar o acesso dos pacientes de câncer a
quimioterapia oral no Brasil. O PL foi aprovado por unanimidade em junho
pelo Senado Federal,
mas ainda falta a aprovação na Câmara dos Deputados e, por fim, a sanção ou
veto pelo presidente Jair Bolsonaro. O oncologista Fernando Maluf destaca,
neste momento, a importância da medicação em casa para proteger os pacientes da
exposição ao novo coronavírus. “Além disso, nós temos a pandemia onde existe
uma necessidade de quanto mais o tratamento ambulatorial seja melhor para o
paciente não só a título de conforto, mas a título também de permanecer isolado
evitando ter idas e vindas aos hospitais e também centros de saúde”, explica.
De acordo com o Instituto Vencer o Câncer, existem mais de 40 medicamentos
orais para tratamento da doença, além de novos estudos em andamento.
https://jovempan.com.br/programas/jornal-da-manha/pl-amplia-acesso-quimioterapia-oral.html
terça-feira, 8 de setembro de 2020
Kelly Key sobre câncer de pele: 'Acredito que já não tenho mais nada'
Kelly KeyImagem: Reprodução/ Instagram
Colaboração para o
UOL, em São Paulo
18/05/2020 16h42
Kelly Key usou seu Instagram na tarde de hoje para
tranquilizar seus fãs a respeito de seu diagnóstico de câncer de pele, revelado pela própria na semana passada.
Em um longo texto, a cantora de 37 anos falou sobre a descoberta da doença e o tratamento ao qual se submeteu para reverter a situação. "Gente, nesta última semana eu falei bastante com vocês sobre o câncer de pele. Para quem não sabe, fiz 3 pequenos procedimentos (em 3 momentos diferentes...). Em novembro do ano passado fizemos apenas uma pequena biópsia de uma lesão da face próxima ao nariz (um pequeno pedaço para sabermos o diagnóstico). Em fevereiro deste ano retiramos essa lesão pois o resultado mostrou malignidade (câncer) pouquíssimo agressiva (confirmado até com imunohistoquímica), mas precisei retirar a lesão", explicou.
Ela continuou: "Aproveitamos para fazer uma 'varredura'
tanto no rosto quanto no corpo... Nesse dia, retiramos mais 4 lesões: outra na
face e outras 3 lesões pelo corpo. Faz algumas semanas que tivemos o resultado
dessas 5 biópsias (aquela primeira que eu descobri, ainda tinha bordas laterais
comprometidas, sem lesão profunda, e retiramos essas bordas). A outra do rosto
era pré cancerígena e das 3 do corpo, uma era pré cancerígena e as outras duas
não tinham malignidade.
Foi quando ela acalmou o público que
temia por sua saúde. "Acredito que já não tenho mais nada e que mais
nenhum procedimento seja necessário (hoje tirei meus pontos)! Mas os cuidados
serão eternos e todos nós precisamos nos cuidar! Muitas pessoas sabem disso,
mas preferem ignorar. Não ignore! Se cuide! Precisamos falar sobre o câncer de
pele! E minha missão daqui para frente será essa!", disse a artista.
Câmaras de bronzeamento
Então, passou a discorrer sobre a
doença. "Você sabia que o câncer de pele corresponde a 25% de todos os
diagnósticos de câncer no Brasil? O Instituto Nacional do Câncer (INCA)
registra, a cada ano cerca de 135 mil novos casos".
"A radiação ultravioleta é a
principal responsável pelo desenvolvimento destes tumores e a maioria dos casos
está associada à exposição excessiva ao sol ou ao uso de câmaras de
bronzeamento (acredito que este tenha sido o meu caso, pois fiz uma boa
quantidade de sessões entre meus 15 e 20 anos)", revelou.
Ela seguiu com mais dados: "As
câmaras de bronzeamento aumentam em 75% a chance de ter câncer da pele quando a
exposição ocorrer antes dos 30 anos de idade. Pode causar duas vezes mais
câncer da pele do que tomar sol no período mais forte do dia?!".
Por fim, se pronunciou contra as câmeras de
bronzeamento, que são são proibidas pela Anvisa desde dezembro de 2009.
"Mas sabemos que também existem locais ilegais espalhados por todo país!
Todos que ignoram essa determinação e continuam apenas pensando no seu bolso,
são também cúmplices dos efeitos desfigurantes que o câncer de pele pode deixar
nas pessoas, alguns levando à morte", finalizou.
https://tvefamosos.uol.com.br/noticias/redacao/2020/05/18/acredito-que-ja-nao-tenho-mais-nada-diz-kelly-key-sobre-cancer-de-pele.htm
segunda-feira, 17 de agosto de 2020
Como a oncologia de precisão promove avanços no tratamento do câncer
Terapias genéticas inovadoras prometem um cenário cada vez mais otimista na luta contra tumores malignos, mas ainda estão longe de significar a cura da doença. Entenda
·
MARÍLIA MARASCIULO
30 ABR 2020 - 13H27 ATUALIZADO
EM 30 ABR 2020 - 13H27
Se o corpo humano fosse um castelo em guerra contra a invasão e
disseminação de células cancerígenas, os tradicionais métodos de combate — a
quimioterapia, a radioterapia ou a cirurgia — seriam o equivalente a uma
bazuca: até conseguem eliminá-las, mas podem provocar danos irreparáveis à
estrutura do castelo. Como se não bastasse, é difícil saber exatamente por onde
os invasores tentarão entrar para ganhar o controle do castelo — enquanto a
mira está na porta, pode ter outra tropa prestes a entrar pela janela.
Mas, nos últimos anos, um novo campo de estudo da medicina começou a
mudar este cenário. Na chamada oncologia de precisão, desenvolvida a partir dos
anos 2000, saem as bazucas e entram os snipers. A ideia é saber exatamente
quando, como e onde atacar o tumor para ter os melhores resultados com os
menores efeitos colaterais. Uma das estratégias mais promissoras é a das
terapias genéticas. Como o nome sugere, elas miram nas mutações genéticas das
células defeituosas para eliminá-las.
Para
entender como os novos tratamentos funcionam, é preciso compreender o que é e
como surgem os tumores malignos, ou câncer,
termo que engloba um conjunto de mais de 100 doenças causadas pelo crescimento
desordenado das células. Em nosso corpo, existem 10 trilhões delas, e no DNA de
cada uma existem instruções de como devem crescer e se multiplicar.
Às vezes,
pequenas mutações podem alterar essas ordens — em geral, o sistema imunológico consegue
identificar as falhas e eliminá-las antes que se espalhem. Mas isso nem sempre
acontece: nossa imunidade tem
mecanismos para evitar reações exageradas que podem ser prejudiciais ao
organismo. E o câncer se aproveita justamente disso, seja se escondendo dessas
defesas, seja usando táticas para enganá-las e inibir um ataque. Assim, as
células defeituosas se proliferam e replicam as informações erradas, crescendo
desenfreadamente e invadindo os tecidos e órgãos.
A primeira
geração dessas novas estratégias de combate ao câncer são as terapias-alvo.
Trata-se de um ataque às moléculas essenciais para o funcionamento das células
cancerígenas, freando sua expansão. A ideia é antiga: o bacteriologista alemão
Paul Ehrlich, vencedor do Prêmio Nobel de Medicina em 1908, já havia sugerido
naquela época a possibilidade de desenvolver um remédio que combatesse os
mecanismos específicos de doenças infecciosas. Mas foi só a partir de 2000 que
tais remédios se tornaram realidade — não para infecções, e sim na luta contra
contra o câncer.
A ideia é
atacar células específicas de tumores específicos. Por exemplo: existem
diferentes tipos de mutações para câncer de mama,
e a terapia foca em uma delas. Portanto, não serve para todos os pacientes. Por
serem extremamente precisos, têm taxa de resposta alta e menos efeitos
colaterais. O problema é que o tratamento depende de um “match” perfeito, e nem
todo tumor tem o alvo ou a mutação específica para as quais os medicamentos
funcionam.
Atualmente, existem terapias-alvo disponíveis para câncer de pulmão,
tireóide, rim, pele, melanoma, sarcoma, fígado, cólon, reto, ovário, mama e
leucemias e linfomas. No entanto, elas costumam ser mais recomendadas somente
para esses três últimos tipos de câncer.
Quando
o corpo é o melhor remédio
Um passo à frente da terapia-alvo, a imunoterapia usa
nossas próprias células de defesa contra o câncer. É mais um método que, embora
tenha evoluído só nos últimos cinco anos, vem sendo testado há pelo menos 100
anos.
Tudo começou no século 19, com o cirurgião americano William Coley. Ao
observar que uma vítima de câncer se curou após uma grave infecção, ele
desenvolveu a teoria de que, se super ativado, nosso sistema imunológico seria
capaz de acabar com um tumor. O cirurgião chegou a fazer experimentos
infectando propositalmente pacientes com câncer, sem sucesso.
Os anos
passaram e os cientistas descobriram que a teoria de Coley não estava
incorreta. Os maiores responsáveis por provar isso foram os imunologistas James
P Allison, dos Estados Unidos, e Tasuku Honjo, do Japão, que venceram o Prêmio Nobel
de Medicina em 2018 pela descoberta. Eles mostraram que é
possível, sim, estimular o sistema imunológico para combater as células
cancerígenas: basta bloquear o mecanismo utilizado por elas para enganar nossas
defesas. Ele consiste na liberação de proteínas que se encaixam em receptores
dos linfócitos T — o “cérebro dinâmico” do sistema imunológico e o responsável
por reconhecer a célula danificada e emitir a ordem para que outras células a
destruam — e bloqueiam o sinal de alerta.
Os remédios imunoterápicos atuam impedindo a liberação dessas proteínas
ou obstruindo os receptores dos linfócitos T. Sem serem enganados, eles comandam
o ataque. Apesar de também provocar efeitos colaterais, o método é menos
agressivo e mais eficaz que os tratamentos tradicionais.
Super-heróis
feitos sob medida
Dentro da imunoterapia, um método ainda mais moderno e inovador tem sido
desenvolvido. O tratamento com as chamadas células CAR-T consiste na
modificação genética em laboratório dos linfócitos T para que desenvolvam um
receptor capaz de identificar as células tumorais. “Eles se transformam em
super-heróis direcionados para o câncer”, exemplifica o oncologista Bernardo
Garicochea, membro do Comitê de Oncogenômica da Sociedade Brasileira de
Oncologia Clínica (SBOC). Os linfócitos são então reinseridos no corpo do
paciente para realizarem a missão.
Parece
coisa de ficção científica, mas o tratamento já foi aprovado nos Estados Unidos
para casos raros de câncer de sangue (linfomas e leucemia)
resistentes aos métodos tradicionais. No fim de 2019, foi testado pela primeira
vez na América Latina por pesquisadores brasileiros.
Feito na modalidade de tratamento compassivo, que permite o uso de
terapias não aprovadas no país em casos graves sem outras opções disponíveis, o
teste ampliou a expectativa de sobrevida de um paciente que sofria com linfoma
não Hodgkin. Além disso, reduziu os sintomas clínicos e a necessidade de
remédios para dor. E o método desenvolvido por aqui custa bem menos que o
oferecido nos Estados Unidos — R$ 150 mil, em vez dos US$ 400 mil (mais de R$ 2
milhões) necessários por lá.
Entusiasmo
cauteloso
O alto custo não é o único desafio para esses novos tipos de terapias, nem o
mais difícil de se contornar: no Brasil, por exemplo, fica levemente acima do
valor de um transplante de medula óssea (R$ 110 mil é o repasse do SUS). Há
também a expectativa de que os preços diminuam à medida em que os tratamentos
se tornem disponíveis para mais gente.
A parte mais complicada é identificar as mutações ou particularidades
que possam ser usadas como alvos, na visão de especialistas. “São muitos passos
até desvendar o quebra-cabeça de um tumor”, diz o oncologista Ramon Andrade de
Mello, professor da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e consultor
científico da Escola Europeia de Oncologia.
Mello é o
responsável por uma pesquisa para sequenciar o código genético dos tumores de
pacientes não fumantes com câncer de pulmão.
“Nós queremos identificar quais os genes mais responsáveis pelo câncer e, a
partir disso, desenvolver medicamentos que inibam esses genes”, explica de
Mello, que acredita que a pesquisa deve durar dez anos. O desafio é que os
tumores no pulmão de pessoas que não fumam são minoria: entre os 1,5 milhão de
casos de câncer de pulmão diagnosticados a cada ano no mundo apenas 15% se dão
entre não fumantes.
Na
explicação de Garicochea, para identificar todos os possíveis alvos, seria
necessário um atlas do genoma humano e dos tumores para compará-los, e entender
o que está errado. Uma tentativa neste sentido foi divulgada em fevereiro
deste ano, na revista Nature. Durante uma década,
1,3 mil pesquisadores do consórcio Pan-Cancer Analysis of Whole Genomes, mais
conhecido como Pan-Cancer, analisaram 2,6 mil tumores de 38 tipos de câncer.
Eles mapearam o genoma destes tumores e apontaram quais falhas no DNA levaram
ao desenvolvimento da doença.
Entre as
descobertas que mais chamaram a atenção são as diferenças entre o câncer de um
paciente e outro, e a interrelação entre os diferentes genes. “Existe
comunicação cruzada dentro do próprio tumor, a chamada cross-talk, então às vezes quando você descobre como
consertar uma pecinha [do quebra-cabeça], o danado vem e
desmancha outra para atrapalhar”, diz o oncologista da Unifesp.
Esses são alguns dos motivos pelos quais os cientistas são receosos em
anunciar as terapias como potenciais curas para o câncer. “Elas não são a
salvação da pátria, são mais um passo dessa caminhada, vão falhar em muitos
pacientes, vão curar algumas vidas, nós vamos aprender a melhorá-las e aprender
muitas coisas com elas”, diz Garicochea.
Mesmo assim, elas entusiasmam não só pelo potencial de tratamento, mas
por também incentivarem avanço nas pesquisas que trazem descobertas importantes
também para a prevenção. O especialista da Unifesp não esconde o otimismo:
“estamos em uma nova era, o câncer está cada vez mais se tornando uma doença
crônica quando bem abordado. Em 2040 talvez o câncer seja tratado como hoje é o
diabetes.”