terça-feira, 14 de junho de 2022

Brasileiro supera câncer na perna e amputação para escalar Everest

 João Carlos foi até a base sul do pico, a mais de 5,3 mil metros de altura

Foto: Arquivo Pessoal

Carlos Saci realizou na Ásia sonho adiado pela pandemia e já planeja as próximas aventuras

·         Andreia Bahia

9 mai202205h10

| atualizado às 08h38

Vinte anos depois do primeiro diagnóstico de câncer no joelho e quatro recidivas, que resultaram na amputação da perna esquerda e a retirada de parte do pulmão esquerdo, o paratleta goianiense João Carlos Rodovalho Costa, de 38 anos, comemorou em abril a chegada à base do Monte Everest, o mais alto do planeta, no Nepal.

Do início da trilha, no dia 10, na cidade de Lukla, ao acampamento Base Sul do Everest, que fica a uma altitude de 5.364 metros, foram sete dias, sendo cinco deles caminhando por cerca de seis horas diárias. A expedição fez duas pausas em vilarejos da região para aclimatação e enfrentou temperaturas que variaram de 10 graus - quando havia sol - a 15 graus negativos durante a noite.

Apesar de contar com apenas metade do pulmão esquerdo, Carlos Saci, como é conhecido em razão da perna amputada, só teve a oxigenação reduzida quando atingiu 4,9 mil metros de altitude. Ao final da trilha, Carlos foi buscado por helicóptero; não por exaustão, mas porque um pelo inflamado no coto da perna estava provocando muita dor. Mas o fato de ter trilhado a longa jornada já foi um prêmio.

Superação e sonho

A ideia de subir o Everest surgiu em 2019, quando um amigo participou de uma dessas expedições para o monte. À época, ele treinava crossfit e, desde 2015, quando havia tido alta da última recidiva do câncer e, logo depois, sido campeão em uma corrida de obstáculos de muleta, buscava "novos desafios que me tirassem da zona de conforto e trouxessem outros tipos de treinamentos", conta ele.

Incorporou à rotina de exercícios caminhadas, trilhas, musculação e fisioterapia. Com a pandemia de covid, o projeto que era para 2020 foi adiado para o ano seguinte e, depois, para este ano. Os recursos dos patrocinadores já não foram suficientes e Carlos chegou a fazer uma vaquinha nas redes sociais para arrecadar R$ 20 mil e cobrir a diferença. Somou R$ 5 mil em doação.

De volta a Goiânia desde o dia 24, Carlos já pensa nos próximos desafios, o revezamento no Canal da Mancha, entre o Reino Unido e a França, para o qual tem o convite, e subir outras montanhas. "O esporte foi o que me ajudou nessa caminhada e se antes o que me motivava era competir, hoje são os desafios pessoais", afirma ele.

Essa rotina de superação teve início em 2001, quando, com 17 anos, teve o diagnóstico do primeiro câncer, que atingiu as partes moles do joelho esquerdo. Carlos já treinava natação e, três meses após ser diagnosticado com o sarcoma de Ewing, ele teve a perna amputada. Esse sarcoma é um tumor maligno que ocorre predominantemente em ossos ou em partes moles. Afeta principalmente crianças, adolescentes e adultos jovens.

Carlos voltou às piscinas e em 2002 foi campeão brasileiro paralímpico nos 100 metros costas. Mas, em 2005, um exame de rotina apontou a existência de 12 nódulos no pulmão e o tratamento envolveu um autotransplante de medula. Carlos, que tem 1,80 m de altura, chegou a pesar 52 kg. "Daquela vez, o retorno foi bem mais difícil", lembra. Mas conseguiu voltar a dar braçadas na água.

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