quarta-feira, 21 de abril de 2010

Diagnósticos precisos, estilo de vida e longevidade explicam o aumento dos casos de câncer, diz oncologista do Inca

Publicada em 01/04/2010 às 10h17m
Maria Vianna
http://oglobo.globo.com/vivermelhor/mat/2010/04/01/diagnosticos-precisos-estilo-de-vida-longevidade-explicam-aumento-dos-casos-de-cancer-diz-oncologista-do-inca-916227181.asp

RIO - O Instituto Nacional do Câncer (Inca) estima que quase 500 mil brasileiros serão diagnosticados com câncer este ano. O número é alto, e vem aumentando anualmente por uma série de motivos, explica o oncologista Daniel Herchenhorn, chefe de oncologia clínica da instituição. Os principais motivos são o aumento da longevidade da população e os diagnósticos cada vez mais precisos, mas o fumo, o sedentarismo e a má alimentação também estão na lista.
- O câncer é, em grande parte, uma doença de pessoas mais velhas. Uma minoria dos casos de câncer é hereditário. É claro que a genética influencia, mas os hábitos de vida costumam ter um impacto maior - afirma Herchenhorn. A pedido do site do Globo, o médico respondeu as principais perguntas sobre a doença. Confira:

" Uma minoria dos casos de câncer é hereditário. É claro que a genética influencia, mas os hábitos de vida costumam ter um impacto maior "
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Por que os casos de câncer estão aumentando?

É importante lembrar que o câncer é predominantemente uma doença de pessoas mais velhas. Como a população está envelhecendo é lógico que os casos de câncer também aumentem. Os diagnósticos estão melhores e as pessoas estão fazendo mais os exames de rotina como a mamografia, o toque retal e a colonoscopia, que detectam tumores no início. Além disso, há os hábitos da vida moderna: sedentarismo, fumo, má alimentação. O cigarro, por exemplo, é um dos principais causadores de diversos tipos de câncer.

O câncer na infância ou na juventude não é comum?

Depende. Existem tipos de câncer que são mais frequentes em uma faixa etária, como o linfoma e a leucemia na infância e o câncer de testículos nos adolescentes. No entanto, a maioria dos casos são a exceção. Por exemplo, um câncer de mama em uma mulher na faixa dos 20 anos é raro, assim como o câncer de ovário em uma mulher na faixa dos 40 ou o câncer de intestino em alguém na faixa dos 30. Quando isto acontece, é provável que a pessoa tenha um forte componente genético.

O estresse e o estilo de vida acelerado podem aumentar o risco de câncer?

Provavelmente não. Esta ideia é mais mito que verdade. Há poucas evidências relacionando o estresse e um aumento de casos de câncer. Imagine, toda a população já passou ou vai passar por momentos de grande estresse na vida, mas apenas uma pequena parcela vai ter a doença. Associar o câncer ao estresse ou a um trauma faz parte da mente racional que busca sempre associar um evento negativo a um agente.

Como prevenir ou diminuir o risco de ter a doença?

A mudança de hábitos é uma das principais armas contra o câncer. Primeiro, é preciso parar de fumar. O fumo está associado a diversos tipos de tumores, como o de boca, pulmão, garganta e estômago. Diminuir a ingestão de álcool também é fundamental. Fazer exercícios pelo menos três vezes por semana, aumentar a ingestão de frutas e vegetais e evitar embutidos e defumados fazem a diferença. Controlar o peso é muito importante. Para as mulheres, reduzir o tempo ou não fazer terapia de reposição hormonal (TRH) diminui o risco de alguns cânceres, como o de mama.

Que exames devem ser feitos periodicamente?

Os exames vão depender da idade, da exposição aos fatores de risco e da história familiar. No geral, o preventivo nas mulheres (que detecta o câncer no colo do útero) deve ser feito a partir da primeira relação sexual, A mamografia a partir dos 50 anos, Os exames de PSA e toque retal a partir dos 50 e a colonoscopia, que detecta possíveis tumores no reto e no intestino, a partir dos 50.

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