Ela ficou infértil após quimioterapia, mas técnica médica
tornou a maternidade possível
POR O GLOBO 14/12/2016 16:58 / atualizado 14/12/2016 17:07
Moaza com seu bebê, que nasceu terça-feira, dia 13, em
Londres - Fergus Walsh/BBC
RIO — Em apenas três meses, Moaza Al Matrooshi passou de uma
mulher em plena menopausa a uma mulher com menstruação regular que, pouco tempo
depois, ficou grávida. A jovem, de apenas 24 anos, perdeu sua fertilidade ainda
durante a infância após passar uma quimioterapia para se curar de uma doença do
sangue chamada talassemia, que é fatal se não tratada. Para tentar manter
alguma possibilidade de ela engravidar no futuro, os médicos retiraram um dos
ovários da menina e o congelaram. Agora, ela é a primeira mulher do mundo a ter
a fertilidade restaurada depois de um congelamento de ovário antes do início da
puberdade.
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O filho de Moaza nasceu ontem (terça-feira), no Hospital
Portland, em Londres, na Inglaterra. Para a consultora em ginecologia e
fertilidade que a atendeu, Sara Matthews, o caso da jovem dá esperança a muitas
outras mulheres que correm o risco de perder a chance de serem mães por conta
de tratamentos de câncer ou doenças imunológicas.
— Sabemos que o transplante de tecido ovariano funciona para
mulheres mais velhas, mas nunca tivemos certeza se poderíamos pegar o tecido de
uma criança, congelá-lo e fazê-lo funcionar novamente — comentou a médica à
"BBC".
Para Moaza, que, na época, passou pelo processo de
congelamento de seu tecido ovariano por decisão de sua mãe, o nascimento de seu
filho "é um milagre".
— Nós esperamos tanto tempo para este resultado: um bebê
saudável. Eu nunca deixei de acreditar que seria mãe, e agora esse é um
sentimento perfeito — pontuou a jovem.
TECIDO OVARIANO EM NITROGÊNIO LÍQUIDO
Nascida em Dubai, Moaza Al Matrooshi tinha 9 anos de idade
quando foi diagnosticada com talassemia e precisou passar por quimioterapia, o
que, ao menos no caso dela, geraria um dano permanente aos ovários. Ela
recebeu, em seguida, um transplante de medula óssea de seu irmão, num hospital
que também fica em Londres, e ficou curada. Mas, antes disso, teve um dos
ovários retirado para preservação.
Seu ovário direito foi removido, e o tecido, congelado.
Fragmentos de seu tecido ovariano foram misturados com agentes crioprotetores e
lentamente reduzidos a uma temperatura de 196 graus Celsius negativos, antes de
serem armazenados sob nitrogênio líquido.
No ano passado, cirurgiões na Dinamarca transplantaram cinco
retalhos do tecido ovariano de volta para seu corpo — quatro foram costurados
em seu ovário esquerdo, e um do lado do útero. Nessa época, Moaza estava
passando pela menopausa. No entanto, após o transplante, seus níveis hormonais
começaram a voltar ao normal, fazendo com que ela passasse a ovular, tendo sua
fertilidade restaurada.
A fim de aumentar as chances de ter um filho, a jovem e seu
marido, Ahmed, passaram por tratamento de fertilização in vitro. Dos oito ovos
que foram coletados, três embriões foram produzidos, dois dos quais foram
implantados no início deste ano.
— Dentro de três meses após o reimplante de seu tecido
ovariano, Moaza passou da menopausa para uma situação de períodos de
menstruação regulares novamente — destacou a médica Sara Matthews, que conduziu
o tratamento de fertilidade. — Ela, basicamente, se tornou uma mulher normal em
seus 20 e poucos anos, com função normal do ovário.
RESULTADO 'ENCORAJADOR'
Segundo a pesquisadora Helen Picton, que lidera a divisão de
reprodução e desenvolvimento precoce na Universidade de Leeds, também na
Inglaterra, e realizou o congelamento do ovário de Moaza, o resultado é
"incrivelmente encorajador".
— Moaza é uma pioneira e foi um dos primeiros pacientes que
ajudamos em 2001, antes de qualquer bebê nascer da preservação do tecido do
ovário — ressaltou Helen. — Em todo o mundo, mais de 60 bebês nasceram de
mulheres que tiveram sua fertilidade restaurada, mas Moaza é o primeiro caso de
congelamento pré-puberdade e o primeiro caso de um paciente que teve tratamento
para talassemia.
A jovem de origem muçulmana ainda tem um embrião armazenado,
assim como dois pedaços restantes de tecido ovariano. Ela afirma que,
definitivamente, planeja ter outro bebê no futuro.
No ano passado, uma mulher na Bélgica deu à luz usando
tecido ovariano congelado quando tinha 13 anos. Diferentemente de Moaza, ela já
estava na puberdade quando seu ovário foi removido.
Já o primeiro transplante de tecido ovariano congelado no
mundo foi realizado em 1999, também da Universidade de Leeds
Leia mais sobre esse
assunto em http://oglobo.globo.com/sociedade/saude/mulher-de-24-anos-que-estava-na-menopausa-usa-ovario-congelado-para-engravidar-20647636#ixzz4T0uWTzp3
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Ferring lança programa social sem precedentes no
Brasil
Mulheres diagnosticadas com câncer poderão congelar
os óvulos com custo subsidiado em até 100%
São Paulo, 29 de novembro de
2016 – A incidência de câncer em mulheres em idade
fértil tem crescido, segundo dados do Ministério da Saúde1. Esse
fenômeno fez aumentar a preocupação de especialistas com a fertilidade das
mulheres. Afinal, embora o assunto ainda não seja amplamente divulgado,
tratamentos oncológicos como quimioterapia e/ou radioterapia podem comprometer
a fertilidade, como um efeito colateral. Ou até mesmo indiretamente, quando o
tratamento causa atrasos na reprodução e permitem o declínio natural da
fertilidade.
Ciente dessa nova realidade, a Ferring
Pharmaceuticals acaba de lançar, em parceria com o Instituto Paulista de
Ginecologia e Obstetrícia (IPGO), Huntington e Idea Fértil, o Programa
Proteger. Trata-se de um projeto social que permitirá às mulheres que
venham a se submeter a um tratamento oncológico, receber gratuitamente o
medicamento Menopur (gonadotrofina), o mais utilizado na indução de ovulação
para congelamento dos óvulos. A estimulação contribuiu para a coleta de um
número maior de óvulos e de forma rápida, permitindo o início da conduta
oncológica em poucos dias.
Uma eventual diminuição na fertilidade em um
tratamento oncológico ainda é um assunto pouco debatido. O congelamento dos
óvulos é a opção mais indicada para as pacientes que pretendem ser mães. Por
ser um procedimento de alto custo, torna-se inacessível para algumas mulheres.
“O Proteger é uma retribuição à sociedade e chega para mudar esse cenário. É
uma iniciativa da Ferring não só no Brasil como em outros países onde atua.
Demonstra nosso compromisso com a sociedade e com o paciente”, afirmou
Alexandre Seraphim, gerente geral da Ferring.
Para auxiliar as mulheres neste sonho, a Ferring
estabeleceu parceria com três renomadas clínicas de reprodução assistida: Instituto
Idea Fértil de Saúde Reprodutiva, que têm à frente o ginecologista Caio
Parente; o Instituto Paulista de Ginecologia e Obstetrícia (IPGO) dirigida por
Arnaldo Cambiaghi, ginecologista obstetra e especialista em reprodução humana;
e com a Huntington Medicina Reprodutiva, coordenada pelo Dr. Maurício Barbour
Chehin. Aliadas à Ferring, elas atuarão para promover e facilitar o acesso à
preservação da fertilidade.
Aquelas que desejarem participar do programa Proteger devem conversar com seu oncologista antes de iniciar o tratamento e solicitar autorização para o tratamento de indução da ovulação. Com o laudo do oncologista, a paciente deve se inscrever em um dos três parceiros.
O programa consiste em: consulta médica com
especialista em reprodução humana, realização de exames, indução da ovulação
com medicamentos, coleta dos óvulos, congelamento e preservação em laboratório.
Todas as clinicas parceiras priorizarão o
atendimento das pacientes que estão no programa. Segundo o coordenador médico
da Huntington, Dr. Maurício Barbour Chehin a iniciativa é excelente.
”Felizmente, pela primeira vez, vemos um programa como esse no Brasil. Essas
ações vão certamente aumentar e facilitar o acesso para mulheres com
diagnóstico de câncer. Para muitas, o impacto da notícia da infertilidade é
mais traumatizante do que o próprio câncer. Esse tratamento oferece a
oportunidade de, ao alcançarem a cura, realizar o sonho de ser mãe fertilizando
um óvulo”, detalhou.
O Instituto Nacional do Câncer (INCA) estima 596 mil novos casos de câncer no Brasil no ano de 2016, sendo 300.870 destes diagnósticos entre as mulheres2, o que evidencia a importância desse tipo de iniciativa.
Referências
1. Datasus
2. Instituto Nacional do Câncer José Alencar Gomes da Silva. Incidência de
câncer no Brasil. Disponível em http://www2.inca.gov.br/wps/wcm/connect/agencianoticias/site/home/noticias/2015/inca_estima_quase_600_mil_casos_novos_de_cancer_em_2016
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