sexta-feira, 16 de dezembro de 2016

Mulher de 24 anos que estava na menopausa usa ovário congelado para engravidar

Ela ficou infértil após quimioterapia, mas técnica médica tornou a maternidade possível
  
POR O GLOBO 14/12/2016 16:58 / atualizado 14/12/2016 17:07


Moaza com seu bebê, que nasceu terça-feira, dia 13, em Londres - Fergus Walsh/BBC

RIO — Em apenas três meses, Moaza Al Matrooshi passou de uma mulher em plena menopausa a uma mulher com menstruação regular que, pouco tempo depois, ficou grávida. A jovem, de apenas 24 anos, perdeu sua fertilidade ainda durante a infância após passar uma quimioterapia para se curar de uma doença do sangue chamada talassemia, que é fatal se não tratada. Para tentar manter alguma possibilidade de ela engravidar no futuro, os médicos retiraram um dos ovários da menina e o congelaram. Agora, ela é a primeira mulher do mundo a ter a fertilidade restaurada depois de um congelamento de ovário antes do início da puberdade.

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O filho de Moaza nasceu ontem (terça-feira), no Hospital Portland, em Londres, na Inglaterra. Para a consultora em ginecologia e fertilidade que a atendeu, Sara Matthews, o caso da jovem dá esperança a muitas outras mulheres que correm o risco de perder a chance de serem mães por conta de tratamentos de câncer ou doenças imunológicas.

— Sabemos que o transplante de tecido ovariano funciona para mulheres mais velhas, mas nunca tivemos certeza se poderíamos pegar o tecido de uma criança, congelá-lo e fazê-lo funcionar novamente — comentou a médica à "BBC".

Para Moaza, que, na época, passou pelo processo de congelamento de seu tecido ovariano por decisão de sua mãe, o nascimento de seu filho "é um milagre".

— Nós esperamos tanto tempo para este resultado: um bebê saudável. Eu nunca deixei de acreditar que seria mãe, e agora esse é um sentimento perfeito — pontuou a jovem.

TECIDO OVARIANO EM NITROGÊNIO LÍQUIDO

Nascida em Dubai, Moaza Al Matrooshi tinha 9 anos de idade quando foi diagnosticada com talassemia e precisou passar por quimioterapia, o que, ao menos no caso dela, geraria um dano permanente aos ovários. Ela recebeu, em seguida, um transplante de medula óssea de seu irmão, num hospital que também fica em Londres, e ficou curada. Mas, antes disso, teve um dos ovários retirado para preservação.

Seu ovário direito foi removido, e o tecido, congelado. Fragmentos de seu tecido ovariano foram misturados com agentes crioprotetores e lentamente reduzidos a uma temperatura de 196 graus Celsius negativos, antes de serem armazenados sob nitrogênio líquido.

No ano passado, cirurgiões na Dinamarca transplantaram cinco retalhos do tecido ovariano de volta para seu corpo — quatro foram costurados em seu ovário esquerdo, e um do lado do útero. Nessa época, Moaza estava passando pela menopausa. No entanto, após o transplante, seus níveis hormonais começaram a voltar ao normal, fazendo com que ela passasse a ovular, tendo sua fertilidade restaurada.

A fim de aumentar as chances de ter um filho, a jovem e seu marido, Ahmed, passaram por tratamento de fertilização in vitro. Dos oito ovos que foram coletados, três embriões foram produzidos, dois dos quais foram implantados no início deste ano.

— Dentro de três meses após o reimplante de seu tecido ovariano, Moaza passou da menopausa para uma situação de períodos de menstruação regulares novamente — destacou a médica Sara Matthews, que conduziu o tratamento de fertilidade. — Ela, basicamente, se tornou uma mulher normal em seus 20 e poucos anos, com função normal do ovário.

RESULTADO 'ENCORAJADOR'

Segundo a pesquisadora Helen Picton, que lidera a divisão de reprodução e desenvolvimento precoce na Universidade de Leeds, também na Inglaterra, e realizou o congelamento do ovário de Moaza, o resultado é "incrivelmente encorajador".

— Moaza é uma pioneira e foi um dos primeiros pacientes que ajudamos em 2001, antes de qualquer bebê nascer da preservação do tecido do ovário — ressaltou Helen. — Em todo o mundo, mais de 60 bebês nasceram de mulheres que tiveram sua fertilidade restaurada, mas Moaza é o primeiro caso de congelamento pré-puberdade e o primeiro caso de um paciente que teve tratamento para talassemia.

A jovem de origem muçulmana ainda tem um embrião armazenado, assim como dois pedaços restantes de tecido ovariano. Ela afirma que, definitivamente, planeja ter outro bebê no futuro.

No ano passado, uma mulher na Bélgica deu à luz usando tecido ovariano congelado quando tinha 13 anos. Diferentemente de Moaza, ela já estava na puberdade quando seu ovário foi removido.

Já o primeiro transplante de tecido ovariano congelado no mundo foi realizado em 1999, também da Universidade de Leeds

Leia mais sobre esse assunto em http://oglobo.globo.com/sociedade/saude/mulher-de-24-anos-que-estava-na-menopausa-usa-ovario-congelado-para-engravidar-20647636#ixzz4T0uWTzp3
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Ferring lança programa social sem precedentes no Brasil

Mulheres diagnosticadas com câncer poderão congelar os óvulos com custo subsidiado em até 100%

São Paulo, 29 de novembro de 2016 – A incidência de câncer em mulheres em idade fértil tem crescido, segundo dados do Ministério da Saúde1. Esse fenômeno fez aumentar a preocupação de especialistas com a fertilidade das mulheres. Afinal, embora o assunto ainda não seja amplamente divulgado, tratamentos oncológicos como quimioterapia e/ou radioterapia podem comprometer a fertilidade, como um efeito colateral. Ou até mesmo indiretamente, quando o tratamento causa atrasos na reprodução e permitem o declínio natural da fertilidade.

Ciente dessa nova realidade, a Ferring Pharmaceuticals acaba de lançar, em parceria com o Instituto Paulista de Ginecologia e Obstetrícia (IPGO), Huntington e Idea Fértil, o Programa Proteger. Trata-se de um projeto social que permitirá às mulheres que venham a se submeter a um tratamento oncológico, receber gratuitamente o medicamento Menopur (gonadotrofina), o mais utilizado na indução de ovulação para congelamento dos óvulos. A estimulação contribuiu para a coleta de um número maior de óvulos e de forma rápida, permitindo o início da conduta oncológica em poucos dias.

Uma eventual diminuição na fertilidade em um tratamento oncológico ainda é um assunto pouco debatido. O congelamento dos óvulos é a opção mais indicada para as pacientes que pretendem ser mães. Por ser um procedimento de alto custo, torna-se inacessível para algumas mulheres. “O Proteger é uma retribuição à sociedade e chega para mudar esse cenário. É uma iniciativa da Ferring não só no Brasil como em outros países onde atua. Demonstra nosso compromisso com a sociedade e com o paciente”, afirmou Alexandre Seraphim, gerente geral da Ferring.

Para auxiliar as mulheres neste sonho, a Ferring estabeleceu parceria com três renomadas clínicas de reprodução assistida: Instituto Idea Fértil de Saúde Reprodutiva, que têm à frente o ginecologista Caio Parente; o Instituto Paulista de Ginecologia e Obstetrícia (IPGO) dirigida por Arnaldo Cambiaghi, ginecologista obstetra e especialista em reprodução humana; e com a Huntington Medicina Reprodutiva, coordenada pelo Dr. Maurício Barbour Chehin. Aliadas à Ferring, elas atuarão para promover e facilitar o acesso à preservação da fertilidade.

Aquelas que desejarem participar do programa Proteger devem conversar com seu oncologista antes de iniciar o tratamento e solicitar autorização para o tratamento de indução da ovulação. Com o laudo do oncologista, a paciente deve se inscrever em um dos três parceiros.

O programa consiste em: consulta médica com especialista em reprodução humana, realização de exames, indução da ovulação com medicamentos, coleta dos óvulos, congelamento e preservação em laboratório.

Todas as clinicas parceiras priorizarão o atendimento das pacientes que estão no programa. Segundo o coordenador médico da Huntington, Dr. Maurício Barbour Chehin a iniciativa é excelente. ”Felizmente, pela primeira vez, vemos um programa como esse no Brasil. Essas ações vão certamente aumentar e facilitar o acesso para mulheres com diagnóstico de câncer. Para muitas, o impacto da notícia da infertilidade é mais traumatizante do que o próprio câncer. Esse tratamento oferece a oportunidade de, ao alcançarem a cura, realizar o sonho de ser mãe fertilizando um óvulo”, detalhou.

O Instituto Nacional do Câncer (INCA) estima 596 mil novos casos de câncer no Brasil no ano de 2016, sendo 300.870 destes diagnósticos entre as mulheres2, o que evidencia a importância desse tipo de iniciativa.
 
Mais informações: http://ferringproteger.com.br

Referências
1.       Datasus

2.       Instituto Nacional do Câncer José Alencar Gomes da Silva. Incidência de câncer no Brasil. Disponível em http://www2.inca.gov.br/wps/wcm/connect/agencianoticias/site/home/noticias/2015/inca_estima_quase_600_mil_casos_novos_de_cancer_em_2016

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