quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Câncer de rim é tratado com técnica pioneira e menos agressiva

http://www.isaude.net/pt-BR/noticia/4949/saude-publica/cancer-de-rim-e-tratado-com-tecnica-pioneira-e-menos-agressiva

A tecnologia utiliza aparelho instalado em uma agulha que transmite corrente extremamente gelada ou quente direto na lesão.

Um tratamento pioneiro e menos agressivo está sendo utilizado no Ambulatório de Uro-oncologia do Hospital das Clínicas (HC) e no Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (Icesp) para o tratamento do câncer no rim. A técnica consiste no congelamento do tumor a uma temperatura entre menos 20ºC e menos 40ºC , o que mata as células cancerígenas. O procedimento, conhecido como crioterapia, é realizado no Icesp há quase um ano.

Nos casos de tumor de rim com até três centímetros, considerado pequeno, o instituto também emprega a radiofrequência, técnica que aquece a região afetada a 80ºC. Crioterapia e radiofrequência tem a mesma função de atingir todas as células cancerígenas do rim e destruí-las. Nos dois procedimentos, a tecnologia importada dos Estados Unidos utiliza um aparelho instalado numa espécie de agulha que transmite corrente extremamente gelada ou quente direto na lesão, puncionando-a. A Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) oferece recursos para a aquisição das agulhas descartáveis.

O oncologista Marcos Dall'Oglio, chefe do setor de Uro-Oncologia do Icesp, explica que na cirurgia convencional a incisão começa na região lombar para atingir o rim e retirar o tumor. Em média, o procedimento que atinge 99% de precisão, exige cinco dias de internação e o retorno às atividades sociais só ocorre após três ou quatro semanas.

"Já as duas novas operações geram menos agressão física, pois o corte não é grande, apenas punção. Assim, o doente sente menos dor e menos traumas", informa Marcos, que também é oncologista e professor livre docente da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP). Após 24 ou 48 horas do procedimento, o paciente recebe alta médica e pode retornar ao trabalho em uma semana. A eficiência na destruição das células varia de 90% a 95%.

Doença silenciosa

Desde março de 2009, o Icesp realizou 30 operações com a nova técnica. "Somente um paciente passou por outra cirurgia. Os demais tiveram recuperação total", informa o chefe de Uro-Oncologia. E acrescenta: "oferecer essa tecnologia é um avanço para o serviço público no atendimento de câncer renal".

A assistência é realizada pela parceria do Hospital das Clínicas (HC) da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP) com o Icesp. O Ambulatório de Uro-Oncologia do HC e do Icesp atende câncer dos rins, próstata, bexiga, pênis e outros órgãos do aparelho geniturinário. Todo mês, são registrados mil atendimentos e 150 cirurgias.

O câncer renal responde por 30 cirurgias mensais. Dez por cento delas são casos de tumor pequeno (até 3 centímetros) dos rins encaminhados à crioterapia e à radiofrequência."Estamos aptos a oferecer 30 cirurgias por mês com essas novas técnicas, porém, a maioria dos casos que chega o tumor já está grande", frisa o doutor Marcos. Devido à baixa demanda pelos novos procedimentos, a assistência é imediata. Não há fila de espera.

Entre os pacientes atendidos, somente 10% apresentam tumor de até três centímetros. Noventa por cento dos doentes procuram o hospital com o tumor com mais de 4 centímetros, que exigem intervenção mais agressiva. "Esse porcentual indica falta de prevenção", alerta. Até 3 centímetros, as células cancerígenas se desenvolvem silenciosamente, pois o doente não se queixa de dores físicas.

Causa

O oncologista Marcos recomenda que pessoas acima de 40 anos, mesmo sem sintomas físicos, procurem o clínico geral ou o urologista em média a cada dois anos e solicitem ultrassonografia abdominal ou tomografia computadorizada do abdome. "O ultrassom é barato e disponível em diversos centros de saúde públicos. Essa é a melhor estratégia de prevenção", afirma.

Como o tumor do rim cresce lentamente (entre dois e três milímetros por ano), ele informa que realizar ultrassom a cada dois anos "vigia o órgão com segurança". No Brasil, a doença atinge principalmente pessoas acima de 50 anos, na proporção de três homens para uma mulher. No mundo, a relação é a mesma entre o sexo feminino e o masculino.

O câncer de rim é o terceiro tipo de câncer urológico mais incidente no Brasil. Entre os sintomas, o mais frequente é a presença de sangue na urina. Hipertensão, fumo, consumo excessivo de medicamento diurético e histórico de câncer na família influenciam o desenvolvimento da doença. Fatores ambientais desconhecidos também contribuem, informa o médico.

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