Estudante foi diagnosticada com leucemia pela segunda vez e, logo em
seguida, recebeu o pedido de casamento. Agora, casal aguarda novo doador e
sonha com lua de mel no Chile.
Por Wellington Hanna*, G1 DF
28/01/2017 09h50 Atualizado há 40 minutos
Após diagnóstico de câncer, jovem de 22
anos se casa em hospital no DF
Um intervalo de
apenas três dias separou os piores e os melhores momentos da vida da
universitária Nathália Freire, de 22 anos. No dia 18 de janeiro, a jovem ouviu
do médico que a leucemia, "curada" seis meses antes, havia retornado.
No dia 21, em uma cerimônia improvisada, Nathália se casou no quarto do
hospital particular no Lago Sul, em Brasília
"O que
tinha tudo para ser uma singela união, ficou uma cerimônia muito bonita por
conta do nosso amor", disse ao G1 o marido,
Junior Oliveira. A entrevista foi dada nesta sexta (27), enquanto Nathália
passava por uma sessão de quimioterapia no quarto ao lado.
Oliveira diz
que o pedido de casamento veio à cabeça imediatamente, assim que o casal
descobriu que teria de enfrentar a luta contra o câncer pela segunda vez. A
leucemia atinge os glóbulos brancos do sangue, e faz com que eles percam a
capacidade de defender o organismo.
"Tive medo
de não ter outra oportunidade. A gente não sabe o dia de amanhã. Então, não
pensei duas vezes e fiz o pedido. Assim, de última hora"
Os preparativos
para a cerimônia foram rápidos, e foram cumpridos em meio ao turbilhão do
retorno ao tratamento. Júnior conta que tudo foi feito sem muito planejamento,
"mas com muito amor".
"Eu
planejava que iríamos nos casar daqui a um ano, ou dois. Então, foi tudo de
repente. Corri para comprar o vestido, a aliança, achar o pastor, fazer a
decoração."
Com o apoio da
equipe do hospital Daher, um quarto foi especialmente decorado para a cerimônia
dos dois. No sábado à tarde, acompanhada de dez testemunhas – entre amigos
próximos e familiares – e vestida com um longo vestido branco e com uma coroa
de flores, Nathália Freire se casou com Junior Oliveira. "Nos tornamos um
só", diz ele.
Luta antiga
O diagnóstico
recebido no dia 18 por Nathália representa o "segundo episódio" da
batalha contra a leucemia. Em julho de 2016, após seis meses de tratamentos
agressivos, a jovem ouviu dos médicos que estava "sem sinais" da
doença. Um transplante de medula que ela recebeu da irmã, que era 100% compatível,
ajudou na recuperação.
"Na época,
pensamos que tinha dado tudo certo. Que eu estava livre. Mas o médico viu meus
exames alterados e constatou que o câncer voltou."
O médico de
Nathália, Rafael Vasconcellos, conta que as chances de a doença retornar após
um transplante desse tipo são relativamente baixas. “A leucemia costuma
aparecer de novo em apenas 30% dos casos. Geralmente, em casos muito mais
agressivos. Agora, a Nathália precisa de outro doador”, diz o médico
Juntos há nove
anos, o casal diz manter a fé recuperação de Nathália, e já faz planos para
celebrar a união recente. “Nosso sonho é comemorar a lua de mel no Chile”, diz
Júnior.
Cadastro de doadores
A medula óssea
é uma estrutura que fica dentro dos ossos do corpo, responsável pela produção
das células do sangue e das células de defesa. Ela abriga um tipo específico de
células-tronco, similar ao do cordão umbilical, que pode ajudar na produção do
sangue.
No Brasil, mais
de 4 milhões de pessoas estão cadastradas no Registro Nacional de Doadores de
Medula Óssea (Redome). Quando um paciente precisa desse tipo de transplante, os
dados são cruzados com todas essas amostras em busca da maior compatibilidade.
Para
"entrar" no Redome, o voluntário precisa ter de 18 a 55 anos de
idade, bom estado de saúde, e não ter doença infecciosa ou histórico de câncer.
Outras condições são avaliadas caso a caso. A inscrição é simples, e requer
apenas uma amostra de 10 ml de sangue.
Quando houver
um paciente com possível compatibilidade, o doador voluntário será comunicado e
poderá decidir quanto à doação. Exames adicionais são feitos para confirmar a
viabilidade do procedimento.
Após se casar em hospital no DF, jovem
com câncer pede doação de medula
Doação
Diferentemente
dos transplantes de coração e pulmão, a doação de medula óssea não envolve uma
cirurgia. Apesar de mais simples, o procedimento também é feito em um centro
cirúrgico, sob anestesia peridural ou geral, e requer internação mínima de 24
horas.
Durante o
procedimento cirúrgico, o médico faz várias punções com uma seringa, e retira
parte da medula óssea estocada na bacia do doador. A operação dura cerca de 90
minutos, e pode gerar dor localizada por alguns dias. Neste caso, o uso de
analgésicos pode amenizar o desconforto.
Há um segundo
método de retirada, menos invasivo, chamado "aférese". Neste caso, o
doador toma medicação por cinco dias para ampliar a circulação de
células-tronco no corpo. Em seguida, uma máquina "filtra" o sangue e
retira esse material, que será doado. O procedimento não requer internação e
nem anestesia, mas a escolha do método deve ser feita pelos médicos
assistentes.
Normalmente, os
doadores retornam às suas atividades habituais depois da primeira semana, e a
medula óssea se recompõe em cerca de 15 dias. No receptor, a medula é injetada
pela veia, como se fosse uma transfusão de sangue.
*sob supervisão de
Helena Martinho
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