quarta-feira, 16 de dezembro de 2015

Fosfoetanolamina é uma fantasia que mais fere do que ajuda


Noam Pondé

Especial para o UOL15/12/201506h00

A fosfoetanolamina se tornou nos últimos meses um dos mais frequentes assuntos discutidos entre os profissionais que trabalham com oncologia. Apesar dos avanços no tratamento do câncer e de que pacientes curados tenham se tornado comuns nos consultórios, a triste realidade é que o câncer ainda causa muitas mortes e muito sofrimento. Sofrem os pacientes e todos que os cercam –familiares, amigos e profissionais da saúde. Como oncologista, poucas situações são mais desafiadoras do que lidar com um paciente ou uma família em desespero.

Quando o câncer entra em nossas vidas, queremos bani-lo, temos a esperança que tudo volte a ser como antes e relutamos a aceitar que isso nem sempre é possível. Diante desta realidade, todos nós fazemos uma escolha, consciente ou inconscientemente: aceitamos a realidade –mesmo que aos poucos– e construímos novas formas de esperança ou negamos a realidade e deixamos que a esperança se transforme em fantasia. O câncer é impiedoso com fantasias, e, inevitavelmente, elas são quebradas, para o enorme sofrimento dos que as construíram. Todos os profissionais da oncologia já presenciaram esse triste processo, e, frequentemente, o tratamento do tumor é mais simples do que o tratamento das fantasias que ele provoca.
É da fantasia que gera a profusão de remédios milagrosos e terapias alternativas que prometem a cura do câncer. Todo oncologista aprende a conviver, tolerar e, por vezes, até respeitar práticas alternativas –a ponto de algumas delas, modernamente serem integradas à prática, após estudos sobre sua eficácia e segurança. Mas, em algumas situações, especialmente quando o manto da ciência é usado para encobrir o pensamento mágico, a convivência entre oncologia e terapia alternativa se torna difícil. A fosfoetanolamina é um destes casos.
O problema da comunidade científica não é, como vem sendo alegado pelos "pesquisadores" envolvidos na exposição de seres humanos de maneira irregular a uma substância experimental, em interesses financeiros, falta de apreço pelo português ou pelo Brasil, ou mesmo falta de empatia pelo sofrimento dos pacientes. São questionamentos relevantes de ordem ética, científica e a preocupação com as consequências para pacientes e para o SUS.
Como falar em ética e regras em pesquisa quando pessoas estão sofrendo e morrendo? Será que não deveríamos tomar medidas excepcionais quando pacientes estão desesperados? É especialmente por respeitar a solenidade desta situação tão comum que não devemos tomar medidas excepcionais e sim seguir as regras que garantem que não vamos adicionar mais sofrimento a essa situação. Pacientes e familiares têm o direito de se desesperar, já médicos e pesquisadores, não.
No passado, cientistas inescrupulosos usaram das mais diversas formas o poder que o desespero e a falta de informação de pacientes conferem para realizarem seu desejo por fama, por respeito e até por dinheiro. Escândalos como os experimentos nazistas e o estudo de sífilis em Tuskegee levaram governos e pesquisadores a perceberem que a ciência, descolada do respeito à autonomia do paciente e da honestidade, pode cometer crimes graves. Foi construído um sistema para impedir que isso se repetisse.
Pacientes devem saber exatamente o potencial da substância em estudo. Devem ser livres para entrar e sair de estudos e nunca podem ser forçados ou manipulados. A transparência deve ser total. Dados devem publicados, avaliados, hipóteses testadas repetidamente por diferentes grupos.
Cientistas sérios apresentam suas conclusões e suas dúvidas em congressos na frente de milhares de colegas que estão lá para aprender e para questionar cada detalhe. Dados referentes a centenas ou milhares de pacientes são necessários antes de declarar uma substância eficaz. Apelos emocionais não são lançados para apoiar dados –pois emoções não apoiam dados e sim colocam em questão sua qualidade e até sua própria existência. Do ponto de vista ético, a fosfoetanolamina não pode ser considerada um remédio, pois ainda não passou por todo esse processo.
A prática clínica e a pesquisa em biologia celular nos mostram todos os dias o adversário que enfrentamos. Drogas que no laboratório parecem funcionar e matam células cancerígenas podem não ser eficazes quando aplicadas ao paciente. Drogas que são eficazes, muitas vezes, deixam de ser para um paciente, pois o tumor se adapta, evolui e passa a resistir a elas. A célula cancerígena é flexível e adaptável e pode escapar de um único remédio de muitas maneiras diferentes.

Portanto, do ponto de vista científico, está claro que um remédio nunca será "a cura do câncer". As declarações sobre a polivalência da fosfoetanolamina, que age supostamente sobre qualquer tumor e em qualquer cenário clínico (seja tumor localizado ou disseminado) não fazem sentido do ponto de vista científico. Inibir o crescimento de células em laboratórios é uma coisa, em seres humanos é outra.

quinta-feira, 10 de dezembro de 2015

Novidades no tratamento de câncer de mama

O combate ao câncer de mama ganhou um novo e poderoso aliado. Desde o ano passado, está disponível no mercado nacional uma nova droga que vem somar de forma inovadora o tratamento do câncer de mama. A ANVISA autorizou o início da comercialização do medicamento Kadcyla (nome comercial do TDM1, o Trastuzumab emtansine), que representa uma nova esperança para as pacientes com câncer de mama avançado (metastático) HER 2 – tipo que equivale 32% do total dos casos da doença.
A nova droga, uma associação de um anticorpo carregado com um quimioterápico, funciona ao ser injetada na circulação sanguínea e fixar-se na célula alvo para entrar no tumor, liberando a quimioterapia dentro dele. O efeito do TDM1 sobre o organismo é menor, sendo mais potente no interior da célula cancerígena do que o causado pela droga utilizada no tratamento quimioterápico do câncer de mama.
O TDM1, que deve ser utilizado num tratamento clínico sob orientação médica, é fruto da linha de pesquisa de tratamento do câncer de mama HER 2, intitulada “Emília”, considerado pela comunidade científica como um passo posterior ao primeiro tratamento de câncer de mama HER 2.
A oncologista Dra. Vanessa Dybal, explica que o “Emília” é um marco no tratamento do câncer de mama em fase de metástase tanto pelo ganho de benefício de vida da paciente, que já foi tratada previamente, como no ganho de menor toxicidade e na criação de um novo modo conceitual de fornecer quimioterapia.
A especialista esclarece que os novos tratamentos para esse estágio da doença têm como objetivo transformar o câncer de mama HER 2 (metastático) em doença crônica. Ela salienta que o TDM1 não é só aplicável para quem passou pelo “Cleópatra’, mas também aos pacientes que fizeram um primeiro tratamento de câncer de mama metastático (qualquer tratamento de bloqueio do HER 2 com quimioterapia) e não ficaram curados.


quarta-feira, 2 de dezembro de 2015

Câncer de Mama - Tatuagem



O cabelo volta a crescer e a angústia (felizmente!) é superável, mas o tempo não cura todas as marcas deixadas pelo câncer de mama. Para as mulheres que passam por mastectomia há a possibilidade de reconstrução do seio e até mesmo do bico do mamilo, mas a pigmentação característica acaba sendo perdida. Alguns cirurgiões plásticos realizam a micropigmentação da aréola e do mamilo, mas os tatuadores são cada vez mais requisitados, pois dominam melhor a técnica artística do desenho.

Do ponto de vista médico, não há contraindicações para esse tipo de procedimento. "Mas é muito importante que a mama esteja totalmente cicatrizada", alerta o Dr. Rafael Kaliks, oncologista do Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo. Para ele, o ideal é que haja o intervalo de um ano entre a mastectomia e a tatuagem reparadora.
Além da espera pela cicatrização total, a escolha de um tatuador entendido no assunto também é superimportante. Por isso, o preço pode sair salgado e chegar a R$1.300 em alguns estúdios, mas há profissionais gabaritados que oferecem esse trabalho gratuitamente. É a junção de muito talento com uma grande vontade de fazer o bem!


quarta-feira, 25 de novembro de 2015

É possível um único remédio curar o câncer?


Camila Neumam
Do UOL,em São Paulo
26/10/201506h00

Quem pede pela liberação da fosfoetanolamina sintética fabricada e distribuída na USP São Carlos acredita que a substância pode curar qualquer tipo de câncer. Mas é possível um único composto tratar mais de cem tipos de doenças? Segundo os oncologistas consultados pelo UOL a resposta é não.
"É errado chamar o câncer de doença porque na verdade é um conjunto de mais de cem doenças que são tratadas de forma específica", afirma Gustavo dos Santos Fernandes, presidente da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica.
Segundo Fernandes, há de se levar em conta que cada câncer surge e afeta um órgão ou parte do corpo de forma diferente, por isso necessitam de medicações específicas.
"Os genes ativados de um tumor são diferentes no pulmão e no intestino, por exemplo, e cada órgão é atingido de uma forma diferente. Não há um único agente capaz de curar todas essas doenças", diz.

Mito da pílula milagrosa

A crença no poder de cura da fosfoetanolamina sintética remonta do antigo mito da 'pílula milagrosa contra o câncer', comum no começo do século passado, afirma a oncologista Maria Del Pilar Estevez Diz, coordenadora da Oncologia Clínica do Icesp (Instituto do Câncer de São Paulo).
A oncologia moderna, no entanto, pegou o caminho oposto, por oferecer cada vez mais tipos específicos de medicamentos de acordo com as características da doença, explica a oncologista.
"Nos diversos mecanismos celulares que podem levar ao câncer, é muito difícil ter um único remédio. O que prevalece hoje é uma estratégia individualizada com uma grande gama de medicamentos para um tratamento mais personalizado", afirma.

Entenda

Após uma decisão do STF (Supremo Tribunal Federal), o Tribunal de Justiça de São Paulo derrubou a suspensão da distribuição das cápsulas do IQSC (Instituto de Química de São Carlos) para quem conseguisse liminar na Justiça, o que obrigou a USP a voltar a produzir e distribuir a fosfoetanolamina sintética. Com isso, mais de 700 liminares foram expedidas e o IQSC ficou sobrecarregado. A USP pede na Justiça a suspensão da entrega das cápsulas.
Segundo os pesquisadores, a fosfoetanolamina se aliaria a lipídios para entrar na célula e ativar a mitocôndria. Com isso, o sistema de defesa do organismo reconheceria a célula como "anormal" e a atacaria. Em pesquisas com camundongos com câncer renal os efeitos foram positivos.
Oncologistas, a USP, o ICQS e os próprios pesquisadores alertam que a substância nunca foi testada em humanos, o que a inviabiliza como remédio. A Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), responsável por registrar e permitir o comércio de qualquer medicamento no país, diz que a distribuição da droga é ilegal por nunca ter passado por testes clínicos.

Câncer no Brasil

O câncer se caracteriza pelo crescimento desordenado de células que invadem tecidos e órgãos. Por se dividirem rapidamente, quase de forma incontrolável, formam-se tumores malignos que podem se espalhar para outras regiões do corpo. Esses tumores podem surgir em diferentes tipos de células.
O tratamento do câncer é feito por meio de uma ou várias modalidades combinadas. A principal é a cirurgia, que pode ser feita em conjunto com a radioterapia, quimioterapia ou transplante de medula óssea. O tratamento mais adequado leva em conta a localização, o tipo do câncer e a extensão da doença. 
Segundo o Inca (Instituto Nacional do Câncer), estima-se que 576 mil novos casos de câncer, incluindo os casos de pele não-melanoma, surjam em 2015, e pelo menos 189.454 pessoas morram em decorrência do câncer. 

O câncer de pele do tipo não-melanoma (182 mil casos novos) será o mais incidente na população brasileira, seguido pelos tumores de próstata (69 mil), mama feminina (57 mil), cólon e reto (33 mil), pulmão (27 mil), estômago (20 mil) e colo do útero (15 mil). Entre os tumores que devem causar mais mortes estão o câncer do pulmão (24.490 casos); cólon e reto (15.415 casos), mama feminina (14.206 casos); estômago (14.182 casos); próstata (13.772 casos) e colo do útero (5.430 casos).

quarta-feira, 18 de novembro de 2015

Animais ajudam a tratar crianças com câncer

Visitas de cães a hospitais melhora pressão e ansiedade dos pacientes, diz estudo

POR CLARISSA PAINS / LUIZA SOUTO
24/10/2015 7:00

A pequena Beatriz Kubo, de 6 anos, brinca no Graacc com o cachorro Joe, ao lado da mãe, Érica - Arquivo pessoal
SÃO PAULO e RIO — Diagnosticado com câncer em 2011, o ator Reynaldo Gianecchini vez ou outra visita o Grupo de Apoio ao Adolescente e à Criança com Câncer (Graacc), do qual é embaixador, na Zona Sul da capital paulista. Quando o galã chega ao local, a meninada ali em tratamento esquece, por um instante, a doença e corre para o ator. Com a menina Beatriz Anderson Kubo, de 6 anos e há dois com leucemia, é diferente. Ela se diverte com a visita do ator, mas o colírio de seus olhos mesmo é Joe, um golden retriever de 11 anos, que visita os pacientes da unidade todas as quintas-feiras. Há dez anos, o animal vem ensinando a familiares e médicos que a ajuda para o tratamento pode chegar das mais variadas formas.
— A cada 21 dias, Beatriz faz quimioterapia por oito horas seguidas, e seu acompanhante é o Joe. Dia desses, o Gianecchini veio e ela nem deu bola. Minha filha fica emocionada quando o cachorro chega: faz carinho, abraça, conversa. Ela fica melhor nos dias em que está com ele — celebra a mãe da menina, Érika Kubo, de 39 anos.
Joe faz parte do projeto Amicão, conduzido por Angela Borges, de 56 anos, e Luci Lafusa, de 60. Em 2005, elas assistiram em um programa americano que os animais podiam ajudar no tratamento de doenças, visitando pacientes. De lá para cá, Joe e outros cinco cachorros interagem com pacientes e suas famílias em cinco hospitais especializados na capital paulista.
— O cão não cura, mas faz com que o paciente libere o hormônio da alegria, que é a endorfina. E a maioria das pessoas gosta de cachorro. Então, quem não se apaixona? — comenta Luci.
Um estudo da Academia Americana de Pediatria publicado esta semana na revista “Science” comprova a percepção. Os pesquisadores coletaram dados de pressão sanguínea, frequência de batimentos e nível de ansiedade em crianças antes e depois de elas receberem a visita de “cães terapeutas”. A conclusão foi de que os meninos e meninas que participaram da Terapia Assistida com Animais (TAA) permaneceram com quadros mais estáveis do que os que não participaram.
Foi analisado o comportamento do organismo de 68 crianças e adolescentes entre 3 e 17 anos diagnosticadas com câncer. Destes, 39 faziam terapia com animais e 29 não. Além de melhorar o estado deles, a terapia com cães ajudou a diminuir os níveis de ansiedade dos parentes que acompanhavam as sessões.
— Este estudo será um marco na compreensão dos benefícios do vínculo vital entre pessoas e animais — pontuou a principal autora do estudo, Amy McCullough, diretora nacional de pesquisas e terapias da Associação Humana Americana. — Esperamos que os resultados aumentem ainda mais o acesso a animais em ambientes hospitalares, e que o treinamento dos cães seja aperfeiçoado para melhorar o bem-estar das crianças e das famílias que enfrentam os desafios do câncer infantil.
Para Sergio Petrilli, superintendente-médico e um dos fundadores do Graacc, não há dúvidas quanto aos benefícios dessas sessões terapêuticas.
— Está provado que isso só melhora a aderência da criança ao tratamento, e nos ajuda no processo. O câncer hoje é uma doença curável. Mas, se antes costumava-se tratar a qualquer preço, hoje podemos promover um menor impacto sobre a criança — analisa o oncologista.
MENOS REMÉDIOS PARA DOR
Um trabalho na mesma linha é desenvolvido pela ONG Patas Therapeutas, comandada pela psicanalista Silvana Fedeli Prado, de 50 anos. Além de contar com 50 cães de diferentes raças, ela tem a ajuda de quatro gatos, dois coelhos e uma ave. Entre as oito instituições de diferentes segmentos em que atua, estão o Hospital Infantil Darcy Vargas e a ala de Pediatria da Santa Casa de Misericórdia, ambas em São Paulo.
— No dia em que os animais vão a esses hospitais, as crianças tomam menos remédio para a dor. É como se a gente fizesse um resgate para o mundo externo — emociona-se Silvana.
— Os animais, em especial cães devido à docilidade, são de grande ajuda para a reabilitação de qualquer doença. Mas principalmente para o câncer, porque é um tratamento muito doloroso, invasivo e longo. Os cachorros fazem com que as crianças participem mais e de uma forma melhor — comenta Rilder Campos, presidente da instituição.
Em geral, as ONGs aceitam voluntários e não há distinção de raça para os animais. Mas os cães precisam passar por exames de comportamento e saúde, recebendo uma higienização antes de entrar nos hospitais. Seus donos também são avaliados, tanto em relação ao tempo que têm para visitar os pacientes, quanto ao fato de estarem ou não preparados para lidar com eles.
Leia mais sobre esse assunto em http://oglobo.globo.com/sociedade/saude/animais-ajudam-tratar-criancas-com-cancer-17865810#ixzz3phI8ChsC

quarta-feira, 11 de novembro de 2015

Dieta mediterrânea reduz incidência de câncer de mama, mostra estudo

ESTADÃO    Em São Paulo
26/10/2015 11h22
Classificada como um dos modelos mais saudáveis de alimentação, a dieta mediterrânea teve ação comprovada para a redução de incidência de câncer de mama, segundo um estudo da Universidade de Navarra, na Espanha, que avaliou 4.282 mulheres entre 60 e 80 anos.
Durante a avaliação, que durou seis anos, as mulheres foram divididas em três grupos: o primeiro fez a dieta mediterrânea suplementada com azeite de oliva extravirgem, o segundo fez a dieta mediterrânea suplementada com oleaginosas e o terceiro recebeu uma dieta com recomendação para reduzir o consumo de gorduras.
A pesquisa, intitulada Predimed (Prevención com Dieta Mediterránea), foi publicada no mês passado na revista científica da área médica Jama.
A redução da incidência de câncer de mama foi de 62% no primeiro grupo. Entre todas as participantes, foram diagnosticados 35 casos da doença no período. "Esse foi o primeiro estudo desenhado com tamanho adequado e que conseguiu quantificar o benefício da dieta mediterrânea. Isso comprova também a parte tradicional e recomendada de não fumar, ter baixo peso e boa alimentação", explica o oncologista do Instituto do Câncer Mãe de Deus, Stephen Stefani.
Stefani explica que o azeite foi o ingrediente de destaque dentro da pesquisa. "O estudo mostrou que a dieta exclusiva não trouxe um impacto tão grande quanto o da associada ao azeite de oliva. Ele é o protetor das mutações, ajuda na correção e na prevenção primária de tumores e tem efeito antioxidante."
Segundo o oncologista, a partir da pesquisa, é possível que especialistas passem a recomendar o tipo de dieta para prevenir novos casos. "A dieta mediterrânea é preventiva, mas não tem efeitos quando a doença já está instalada", destaca.

Composição

Peixes, oleaginosas, como nozes e castanhas, azeite, vinho, leite e derivados estão entre os ingredientes que fazem parte da dieta mediterrânea. "É uma dieta mais natural, com ingredientes frescos e com pouco consumo de carne vermelha e de carboidratos", diz a nutricionista da clínica MAE Roseli Ueno.
Roseli diz que, para ter o efeito desejado, a dieta deve ser incluída no dia a dia das mulheres e que o segredo para manter o cardápio é organizar as compras com antecedência. Apesar dos benefícios, ela alerta que a dieta deve ser adotada após a consulta com um profissional. "É uma boa dieta, mas tem de se encaixar com o perfil calórico da pessoa."


quarta-feira, 4 de novembro de 2015

Linguiça, bacon e presunto são cancerígenos, diz OMS

BBC Brasil James Gallagher
26/10/201510h27

Um novo relatório da Organização Mundial da Saúde (OMS) afirma que o consumo de carne processada - como bacon, salsichas e presunto - causa câncer. Segundo o documento, 50 gramas de carne processada por dia, o equivalente a duas fatias de bacon, aumentam a chance de desenvolver câncer colorretal em 18%.
De forma mais branda, pela falta de provas mais contundentes, a organização também reforçou o alerta em relação à carne vermelha, dizendo que ela seria "provavelmente cancerígena".
De acordo a correspondente da BBC em Genebra, Imogene Foulkes, no caso da carne vermelha o "quadro não é tão claro". "O estudo mostra provas limitadas de que comer carne bovina, carne de porco ou cordeiro pode causar câncer, mas outras explicações não podem ser descartadas", afirmou.
A correspondente da BBC afirmou ainda que a OMS destaca que o consumo baixo de carne traz benefícios à saúde. Mas os consumidores precisam saber que também existem riscos no baixo consumo, sendo o mais recomendável comer carne com moderação.

A carne vermelha é uma grande fonte de ferro, zinco e vitamina B12.

Aditivos

Carne processada é a carne que foi modificada para aumentar seu prazo de validade ou manipular o gosto. São as carnes defumadas, curadas ou que recebem aditivos, como sal ou conservantes. São estes aditivos que podem aumentar o risco de desenvolver câncer.
A OMS chegou a essas conclusões após aconselhamento de sua Agência Internacional para Pesquisa do Câncer, que avalia os melhores dados científicos disponíveis. 
Com isso, a carne processada passa a estar na mesma categoria que plutônio e bebidas alcoólicas, substâncias que comprovadamente causam câncer.

No entanto, isso não significa que consumir bacon, por exemplo, seja tão ruim quanto fumar.

"Para um indivíduo, o risco de desenvolver câncer colorretal (no intestino) por causa do consumo de carne processada continua pequeno, mas este risco aumenta com a quantidade de carne consumida", disse Kurt Straif, da OMS.

Para o professor da Universidade de Oxford Tim Key, que também é membro da organização beneficente britânica voltada para pesquisa do câncer Cancer Research UK, é uma questão de moderação.

"Esta decisão não significa que você precisa parar de comer qualquer tipo de carne vermelha ou processada, mas se você come muito, há boas razões para pensar em diminuir. Comer bacon de vez em quando não vai causar muito dano - uma dieta saudável é baseada na moderação", afirmou.


sexta-feira, 30 de outubro de 2015

A droga da USP contra o câncer funciona?

Camila Neumam
Do UOL, em São Paulo
22/10/201518h28
Histórias de pessoas que tomaram a fosfoetanolamina sintética produzida na USP (Universidade de São Paulo) de São Carlos para tratar o câncer não faltam na internet. A maioria diz que teve bons efeitos, com menos sintomas e prolongamento dos dias de vida, alguns até falam em cura, mas há também os que dizem que não notaram nenhuma melhora. Apesar de serem tocantes, esses depoimentos não podem ser garantia de eficácia ou não do composto sem antes da análise clínica desses pacientes, segundo Marcello Fanelli, diretor do Departamento de Oncologia Clínica do A.C Camargo Cancer Center.

Para o oncologista, o caso de São Carlos mostra "uma falha no método científico" que desvalida a chance de ela ser encarada como um remédio. Isso porque a substância foi usada diretamente em doentes antes de serem feitos os testes clínicos para testar sua eficácia e segurança – o que é obrigatório antes de se registrar um medicamento.

Diante disso, qualquer relato de melhora deve ser encarado apenas como uma percepção, não como garantia de bons resultados, segundo o oncologista.

"Uma percepção do médico ou do paciente não serve para embasar nenhum tipo de conduta. Tudo tem que ser registrado, auditado e conferido com um número relevante de acontecimentos que estatisticamente tira a situação do acaso e seja demonstrado. Se não aconteceu dessa forma é porque infelizmente houve uma falha no método científico".

A pessoa pode melhorar por diversos fatores, tanto pelo efeito placebo (quando um remédio sem nenhum efeito é dado para pacientes para comparar com os reais efeitos do composto, e eles geralmente sentem a melhora dos efeitos em cerca de 20%), quanto por outras interações medicamentosas. Como a pessoa é acompanhada, não é possível dizer o que a fez melhorar e se ela realmente melhorou. 

Além da falha, Fanelli vê uma "inversão de valores" entre as pessoas que querem a liberação da fosfoetanolamina sintética. Para ele deveria haver uma pressão social para impulsionar os testes do composto em humanos antes de ele ser oferecido a população.

"O coro deveria ser no sentido de cobrar a eficácia e segurança do composto no ponto de vista científico, não de liberar; isso é uma inversão de valor", diz.


quarta-feira, 14 de outubro de 2015

segunda-feira, 28 de setembro de 2015

Infecções são causa de 30% das internações de quem tem câncer


GABRIEL ALVES
DE SÃO PAULO
28/09/2015  02h00
Um levantamento do Icesp (Instituto do Câncer do Estado de São Paulo Octavio Frias de Oliveira) mostra que 30% das internações de pacientes com câncer se devem a infecções generalizadas (também conhecida como sepse), o que equivale a cerca de 100 pacientes por mês na instituição.

O objetivo do estudo é ressaltar a importância de os hospitais padronizarem o atendimento a quem tenha suspeita de sepse –isso acontece no Icesp, mas não em boa parte dos hospitais, o que deve fazer com que os números sejam ainda mais altos em outras instituições.

Um dos problemas é que os sintomas são inespecíficos, o que significa que o diagnóstico nem sempre é imediato.

No caso de pacientes com câncer, é especialmente preocupante. O organismo já é naturalmente imunologicamente mais frágil nesses pacientes, o que justifica tomar uma série de cuidados, como, por exemplo, lavar as mãos e ter bons hábitos de higiene.

O choque séptico é a forma mais grave da sepse, quando a função dos órgãos já está comprometida. O índice de mortalidade no país é de 55%. Na Europa, América do Norte e Austrália o índice é de 25%, de acordo com a cardiologista especialista em UTI do Icesp, Ludhmila Abrahão Hajjar, que também é professora da Faculdade de Medicina da USP.

Infográfico: Caminho da infecção
TRATAMENTO DE CÂNCER
O próprio tratamento contra o câncer podem aumentar o risco de infeção, explica o oncologista do Centro Oncológico da Beneficência Portuguesa de São Paulo Fernando Maluf.

Isso porque técnicas como a quimioterapia e a radioterapia também podem agredir as células brancas do sangue ou provocar lesões locais, respectivamente.
No primeiro caso, o organismo perderia a principal linha de defesa interna ao organismo. Já no segundo, as lesões funcionam como porta de entrada para germes.

No entanto, as chances variam de acordo com o tipo de tumor. No caso de um câncer no sangue como a leucemia, por exemplo, a chance de a internação se dever a uma infecção é muito maior do que quando uma mulher está fazendo controle de metástase com uma quimioterapia, diz Maluf.

No tratamento de alguns cânceres mais complicados, que apresentam risco de gerar infecção, podem ser administrados antibióticos profilaticamente e existe até um medicamento injetável que é capaz de estimular a produção de células brancas para proteger o organismo.

Uma doença aumenta aumenta muito agressividade da outra, explica Ludhmila: um paciente com câncer tem uma chance maior de morrer.

"O pior é que depois do choque séptico, a pessoa fica pelo menos 20 dias internada. O paciente fica débil, fraco, desnutrido e para voltar ao tratamento oncológico pode demorar de meses a anos."

A sepse atinge 400 mil pessoas anualmente no país e grande parte das pessoas morre por conta de uma demora em iniciar o tratamento –algumas horas podem fazer a diferença.

Entre as possíveis causas da da infecção generalizada e do choque séptico estão infecções mal resolvidas, como a urinária, a gástrica ou mesmo uma pneumonia. Os pacientes que tenham infecções recorrentes também devem estar atentos e procurar um médico.

A reação inflamatória provocada pelos micróbios acaba afetando o funcionamento de todos os órgãos, lesando os tecidos e prejudicando seu funcionamento normal. "O rim para, o fígado para é complicado", diz a médica.
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CAMINHO DA INFECÇÃO
Por que a sepse é um problema (também) para quem tem câncer
30%
é a fração de internações de pacientes com câncer por causa de infecções*
55%
é o índice de mortalidade de sepse no Brasil
400 mil
novos casos de sepse são relatados por ano no Brasil

DICAS QUE VALEM PARA TODOS, COM CÂNCER OU NÃO
> Lavar as mãos frequentemente
> Procurar um médico no caso de infecções recorrentes
> Não tomar antibióticos por conta própria

Fonte: Icesp (Instituto do Câncer do Estado de São Paulo Octavio Frias de Oliveira), Fernando Maluf (oncologista); Estudo Spread 

terça-feira, 22 de setembro de 2015

'Science': A aposta nas células-tronco tumorais


Pesquisadores esperam que testes clínicos provem teoria controversa e ofereça novos tratamentos

A Science, renomada revista científica, publicou recentemente um artigo de Jocelyn Kaiser sobre um estudo que vem sendo feito no combate ao câncer. Robert Weinberg é um dos pesquisadores de câncer mais conhecidos do mundo, graças em grande parte a seu trabalho pioneiro na identificação de genes que baseiam o desenvolvimento de tumores. 
Ele já viu a esperança para tratamentos de câncer ir e vir. 

“Estou nesse ramo, para o bem ou para o mal, há 40 anos. Muitas das coisas nas quais trabalhamos se mostraram relativamente inúteis na clínica.” Mas, aos 72 anos, ele está otimista de novo. “Essa é realmente a primeira vez onde eu estou posicionado para ajudar a efetuar o desenvolvimento de um agente ou de agentes que realmente vão beneficiar pacientes de câncer,” diz ele.

O pesquisador do Instituto de Tecnologia de Massachusetts está agora arriscando parte de sua considerável reputação, e quase US$ 200 milhões que investidores deram a uma empresa da qual ele é um co-fundador, em uma ousada teoria que dividiu o campo do câncer. Weinberg e outros argumentam que tumores contém um pequeno número de células que são distintas porque elas parecem com as células-tronco que dão origem a tecidos normais. Eles acreditam que essas sementes do câncer, capazes de resistir à quimioterapia e voltar meses ou anos depois do  tratamento, podem explicar os trágicos recaídas que as pessoas costumam experimentar. Acredita-se que ao mirar especificamente nessas células tronco tumorais, será possível manter a doença sob controle.

A Verastem Inc., empresa de Weinberg em Needham, Massachusetts, é uma das várias que estão lançando uma nova rodada de testes clínicos para descobrir se a teoria realmente funciona. Além da promessa de mudar o tratamento de câncer, tos riscos financeiros são enormes. A OncoMed Pharmaceuticals Inc., outra líder nessa área, poderia ganhar US$ 5 milhões em financiamento adicional de grandes empresas farmacêuticas se seus testes obtiverem sucesso.

Mas como Weinberg e outros no campo reconhecem, pode ser difícil traçar conclusões definitivas dessas experiências. Diferente da quimioterapia tradicional, não se espera que as drogas que estão passando por testes diminuam rapidamente os tumores, porque elas são desenvolvidas para matar só os minúsculos subgrupos de células que semeiam e reabastecem o principal tumor. Logo, detectar se as drogas estão funcionando na maneira que se pretende não é simples. Realmente, para tumores sólidos, os pesquisadores carecem de análises simples, rigorosas para medir o número de células-tronco tumorais. De acordo com o modelo de célula-tronco tumoral, a quimioterapia mata o grosso das células cancerígenas mas raras células-tronco tumorais permanecem intactas. Essas células em seguida semeiam um novo crescimento do tumor. Matar as células-tronco poderia levar à regressão do tumor com o tempo, mas combinar uma droga que detenha as células-tronco tumorais com a quimioterapia poderia ser ainda mais rápido.

Os estudos também enfrentam um forte ceticismo: muitos ainda não acreditam que as células tumorais existam como um tipo de célula diferente de outras células tumorais, e alguns sugerem que as empresas estão alardeando ou pelo menos simplificando demais a premissa. Uma vitória na clínica poderia solucionar parte da controvérsia. “Eu acho que o ônus está sobre todos nós na comunidade que estamos desenvolvendo terapias de células-tronco tumorais para mostrar sem dúvida que essas terapias realmente funcionam,” diz Max Wicha da Universidade de Michigan, Ann Arbor.


Por enquanto, pacientes com câncer, pesquisadores e investidores em empresas como a Verastem vão esperar ansiosamente pelos dados para começar os exames clínicos. Para quem se interessa em tratamentos, os resultados poderão trazer esperança. Porém, para pesquisadores que debatem a realidade das células cancerígenas, elas podem não trazer uma resolução. Jeremy Rich da Cleveland Clinic em Ohio, que está estudando células-tronco no câncer de cérebro, afirma: “Até mesmo se obtivermos um grande sucesso, o que não acredito que vai acontecer, não acho que haverá uma resposta em preto e branco”. 

quinta-feira, 27 de agosto de 2015

Comentários sobre a postagem anterior (leucemia linfócita)



De:
Data: 24 de agosto de 2015 11:38
Assunto: Sugestão para o Vida com Câncer - Respostas positivas ao tratamento de leucemia linfócita crônica
Para: fbittencourt95@gmail.com


Bom dia,
O Venetoclax, composto em desenvolvimento pela AbbVie, em parceria com a Genetech e Roche, apresenta resposta positiva no tratamento de pacientes com leucemia linfócita crônica refratária ou reincidente, com deleção no cromossomo 17 p, em estudo de fase 2.  A deleção do 17 é uma mutação genética, em que falta uma parte do cromossomo e está presente em 3-10% dos pacientes com leucemia linfócita crônica e em 30-50% na variação refratária reincidente.  A expectativa de vida média dos pacientes com LCC e deleção do cromossomo 17 é de menos de 2-3 anos – por isso, a importância desse estudo. 

No Brasil, segundo o INCA, em 2014, foram registrados 9.370 casos novos de leucemia e, segundo documento da American Cancer Society, 30% dos casos de leucemia são do tipo linfócita crônica.
Com base nos resultados do estudo de fase 2, a AbbVie deve iniciar o processo de aprovações regulatórias de venetoclax até o final deste ano.  Abaixo, informações completas sobre o estudo.
Abaixo, segue release com informações detalhadas do estudo.
Será que conseguimos uma nota no blog?
Fico à disposição.
Abraço,


 Pacientes com  Leucemia  Linfocítica Crônica  (LLC) Refratária/Reincidente Respondem ao Tratamento com Venetoclax em Estudo de Fase 2
A AbbVie planeja submeter venetoclax à aprovação da agência regulatória dos Estados Unidos, Food and Drug Administration (FDA), e da Agência Europeia de Medicamentos (EMA), antes do final de 2015.

Em 2015, a FDA concedeu a classificação de Terapia Inovadora para venetoclax, para tratamento em LLC em pacientes com mutação genética de deleção do 17p.
A AbbVie (NYSE:ABBV), companhia biofarmacêutica global, anuncia que o estudo de Fase  2 com seu medicamento em fase de pesquisa venetoclax atingiu sua meta inicial, de obter taxas gerais de resposta em pacientes com leucemia linfocítica crônica (LLC) e deleção do cromossomo 17p sem tratamento prévio, ou com a doença  refratária/reincidente, conforme análise independente.  O estudo, de protocolo aberto, avaliou a eficácia e a segurança de venetoclax, um inibidor da proteína de célula B  (BCL-2) que está sendo desenvolvido em parceria da AbbVie com a Genentech e a Roche.
Os dados deste estudo serão apresentados nas próximas conferências médicas  e utilizados para submissões a aprovações pela FDA, EMA e outras autoridades sanitárias.  O perfil de segurança foi similar a estudos anteriores.
“Os resultados deste estudo demonstram a atividade clínica de  venetoclax em pacientes com LLC, portadores da deleção do 17p, um grupo de pacientes que, historicamente, é difícil de tratar”, afirma o médico Michael Severino, vice-presidente executivo de pesquisa e desenvolvimento e principal executivo científico da AbbVie. “Com base nestes resultados, planejamos ir adiante com os pedidos regulatórios de aprovação para venetoclax e manter o compromisso de continuar as pesquisas com este  e outros medicamentos de nosso pipeline (conjunto de compostos em pesquisa), com a meta de oferecermos novas opções de tratamento para pessoas afetadas pelo câncer”.

Em 2015, a FDA concedeu a classificação de Terapia Inovadora para venetoclax, para tratamento em LLC em pacientes com mutação genética de deleção do 17p.

Leucemia Linfocítica Crônica e Deleção do 17p
LLC é um câncer de progressão lenta da medula óssea e do sangue  no qual a medula óssea produz excesso de linfócitos, um tipo de célula branca do sangue.1  É o tipo mais comum de leucemia diagnosticada em adultos em países ocidentais.2 Nos Estados Unidos, a LLC soma cerca dos 14.520 novos casos de leucemia diagnosticados a cada ano.3
No Brasil, de acordo com o Instituto Nacional do Câncer (INCA) 4  (http://www2.inca.gov.br/favicon.ico) foram registrados 9.370 novos casos de leucemia em 2014. De acordo com documento da American Cancer Society5, cerca de 30% dos casos de leucemia são LLC.
Cerca de 3-10% dos pacientes com LLC apresentam deleção do 17p à época do diagnóstico e isso ocorre em 30-50% de pacientes com LLC refratária ou reincidente. A mutação de deleção do 17p é uma alteração genômica na qual falta uma parte do cromossomo 17.5 A expectativa média de vida para pacientes com LLC e deleção do 17 p é de menos de 2-3 anos.6
Sobre o Estudo de Fase 2
O estudo de Fase 2, multicêntrico, internacional e de protocolo aberto, foi estruturado para avaliar a eficácia e a segurança de venetoclax em pacientes com LLC e deleção do 17 p que recaíram ou foram  refratários aos tratamentos existentes, ou não foram tratados previamente para LLC.  O estudo incluiu 157 pacientes, sendo 107 no corte principal do estudo, para avaliação de eficácia, e 50 pacientes na expansão do estudo sobre segurança.
A meta básica em eficácia foi a taxa de resposta global e a principal meta em segurança foi o número e a porcentagem de pacientes que apresentaram efeitos adversos relacionados ao tratamento, alterações nos exames físico, incluindo sinais vitais, alterações no testes clínicos laboratoriais e alterações na avaliação cardíaca. Os resultados secundários do estudo  medem taxa de remissão completa, remissão parcial e duração da resposta e sobrevida global e sobrevida livre da progressão, entre outros fatores.

Sobre Venetoclax
Venetoclax  é um inibidor oral, em fase de pesquisa, de célula B  (BCL-2), para o tratamento de pacientes com vários tipos de câncer.  A proteína BCL-2 previne a apoptose de algumas cédulas, incluindo linfócitos e pode estar expressa em alguns tipos de câncer. Venetoclax é desenhado para seletivamente inibir a função da proteína BCL-2.  Venetoclax  está sendo desenvolvido em parceria com Genentech eRoche. Juntas, as companhias têm o compromisso da pesquisa sobre BCL-2 com venetoclax, o qual está sendo avaliado em Fase 3 de estudo clínico para o tratamento de LLC refratária/reincidente, para o estudo de diversos tipos de câncer.

No Brasil, venetoclax ainda será submetido à aprovação da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), não se tratando, portanto,  de um medicamento aprovado pelo órgão sanitário brasileiro para uso comercial.
Sobre AbbVie Oncologia
A pesquisa em oncologia da AbbVie está focada na descoberta e no desenvolvimento de terapias-alvo contra os processos que alguns tipos de câncer necessitam para sobreviver.  Ao pesquisar novas tecnologias e novas abordagens, a AbbVie  está vencendo barreiras em alguns dos tipos de câncer mais difíceis de tratar,   incluindo glioblastoma multiforme, mieloma múltiplo e leucemia linfocítica crônica.  A pesquisa da AbbVie em oncologia inclui várias novas moléculas em estudos clínicos em mais de 15 diferentes tipos de câncer e tumores. 


Sobre a AbbVie
A AbbVie é uma companhia biofarmacêutica global de pesquisa, formada em 2013, a partir da separação da Abbott Laboratories. A missão da companhia é usar seu conhecimento, equipes dedicadas e foco em inovação, para desenvolver e comercializar tratamentos avançados que atendam as necessidades de algumas das mais complexas e sérias doenças do mundo.  Junto com sua subsidiária Pharmacyclics, a AbbVie emprega mais de 28,000 pessoas em mais de 170 países.  Para mais informação sobre a companhia, seu portfolio e compromissos, acesse www.abbvie.com.br. Siga @abbvie no Twitter ou conheça oportunidades de carreira nas suas páginas no Facebook ou LinkedIn.
No Brasil, foi criada no início de 2014.
            
REFERÊNCIAS
1 American Cancer Society (2013) “Leukemia – Chronic Lymphocytic.”  http://www.cancer.org/acs/groups/cid/documents/webcontent/003111-pdf.pdf.
2 Eichhorst, B. et al. “Chronic Lymphocytic Leukemia: ESMO Clinical Practice Guidelines for diagnosis, treatment
and follow-up.” Annals of Oncology 22 (Supplement 6): vi50-vi54, 2011
3   American Cancer Society (2015) "Leukemia – Chronic Lymphocytic (CLL) Topics."
5 Cancer Facts and Figures 2014, American Cancer Society 2014
6 Schnaiter, A. et al. (2013) “17p Deletion in Chronic Lymphocytic Leukemia: Risk Stratification and Therapeutic
Approach.” Hematol Oncol Clin N Am 27 (2013) 289–301
7 Selner, L. et al. (2013) “What Do We Do with Chronic Lymphocytic Leukemia with 17p Deletion?” Curr Hemetol Malig Rep. 8(1):81-90.
8 Stilgenbaur, S, and Zenz, T, (2010) “Understanding and Managing Ultra High-Risk Chronic Lymphocytic Leukemia.” ASH Education Book. 2010(1):481-488.

quinta-feira, 20 de agosto de 2015

Cientistas transformam célula do câncer em imunológica

Cientistas descobriram que é possível forçar as células da leucemia a amadurecer como um tipo de célula imunológica, que, ironicamente, pode ajudar o corpo a combater outras células tumorais
18 Mar 2015
Algumas descobertas importantes foram feitas “sem querer” na história da ciência, como o caso da penicilina. Foi o que parece ter acontecido com um grupo de cientistas britânicos da Universidade de Standford, que podem ter encontrado uma forma de combater células de câncer de um tipo agressivo durante experimentações recentes. As informações são do IFL Science.


cientistas descobriram que é possível forçar as células da leucemia a amadurecer em um tipo de célula imunológica, que, ironicamente, pode ajudar o corpo a combater outras células tumorais
Foto: IFL Science / Reprodução

Depois de várias tentativas de encontrar uma maneira de prevenir as células cancerígenas de morrer durante as experiências, os cientistas descobriram que é possível forçar as células da leucemia a amadurecer em um tipo de célula imunológica, que, ironicamente, pode ajudar o corpo a combater outras células tumorais. O estudo foi publicado na Proceedings of the National Academy of Sciences.

O câncer analisado pelo estudou foi a leucemia linfocítica aguda (LLA) é um tipo de rápida progressão, que atinge as células brancas (leucócitos) do sangue caracterizada pela produção maligna de linfócitos imaturos na medula óssea. Neste estudo, era analisado o tipo “B-ALL” do LLA, do qual se sabe muito pouco. Assim, o estudo de Standford tentou encontrar alguma possibilidade de manter as células isoladas do câncer (pertencentes a um paciente).

Assim, depois de expor as células a um determinado fator de transcrição, os cientistas observaram que elas começaram a mudar de tamanho e forma, adotando a morfologia característica de um tipo de glóbulo branco responsável por devorar as células danificadas ou material estranho, conhecido como um dos macrófagos.

Os pesquisadores também acreditam que essas células convertidas não só poderão ser neutralizadas sobre sua antiga identidade de célula cancerosa, mas também podem ajudar o corpo a dar uma resposta imunológica contra outras células cancerosas remanescentes. A próxima etapa do projeto será, portanto, investigar maneiras de conseguir a conversão das células de uma forma clinicamente viável.