Raquel
Cunha/Folhapress
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Ação do Outubro Rosa, de combate ao câncer de mama, no parque Ibirapuera, zona sul de São Paulo
NATÁLIA CANCIAN
DE BRASÍLIA
04/10/2016 02h00
A ANS (Agência
Nacional de Saúde Suplementar) vai propor um novo modelo de atendimento e
cuidados em relação ao câncer para a rede de planos de saúde.
A ideia do projeto,
que será lançado na quarta (5) em parceria com entidades na área de oncologia,
é que planos e prestadores de serviços –como hospitais e clínicas– adotem ações
para corrigir gargalos e passem a organizar em conjunto os caminhos do paciente
dentro da rede.
Hoje, a avaliação é
que esse sistema é fragmentado. O usuário fica perdido entre consultas e
exames, gastando muito tempo até identificar corretamente um problema e iniciar
seu tratamento.
Para a diretora da
agência, o sistema vive um paradoxo, com alto número de exames realizados na
rede e, ao mesmo tempo, de pacientes que procuram assistência com diagnóstico
tardio.
"Estamos
recebendo muitos pacientes com câncer avançado e, por outro lado, tendo muitos
exames desnecessários. Estamos fazendo muito e errado", avalia a diretora.
"E a pessoa que não está conseguindo fazer?"
Neste ano, a
estimativa do Inca (Instituto Nacional de Câncer) é de 596 mil novos casos de
câncer no país.
PROCEDIMENTOS PARA CÂNCER - Feitos em planos de saúde, no Brasil
Consultas
em oncologia: 2014 – 934.343; 2015 – 972.354
Quimioterapia
e radioterapia: 2014 - 2.596.170; 2015 - 2.582.803
Internações
por neoplasia: 2914 – 309.040; 2015 – 334.381
596 mil é o número
de novos casos de câncer no Brasil previstos para este ano
48 milhões é o total de usuários de planos de saúde no país
48 milhões é o total de usuários de planos de saúde no país
"O grande
problema é que a epidemia de câncer ainda não começou no Brasil. O boom deve
ser daqui a 15 anos, porque é uma doença muito ligada ao envelhecimento da
população. Se o sistema já está desorganizado, imagina quando o número
crescer?", questiona José Eduardo de Castro, consultor da Fundação do
Câncer, instituição que auxilia no projeto.
Apelidada de
OncoRede, a iniciativa prevê que laboratórios e clínicas criem um alerta de
forma a garantir que resultados críticos cheguem a quem solicitou o exame.
Também será
recomendada a adoção de laudos integrados, em que o paciente deixa de receber
resultados separados e passa a ter uma só avaliação compartilhada entre vários
profissionais.
Para que as ações
ocorram, operadoras devem testar novas formas de pagamento a quem presta o
serviço. A ideia é deixar de pagar só pela quantidade de procedimentos e
remunerar também por resultados obtidos e qualidade.
Para Luciana Holtz,
do Instituto Oncoguia, que representa pacientes com câncer, a iniciativa é
positiva, mas precisa de incentivo e adesão das operadoras para sair do papel.
"Não adianta ter
essa proposta se não virar prática para beneficiar os pacientes", afirma.
"Hoje o paciente reclama muito do quanto é jogado de um especialista a
outro e o diagnóstico não fecha."
Ela diz ser favorável
também à discussão sobre novas formas de pagamento a quem presta serviços aos
pacientes. "Esse atual modelo, o fee for service [que paga por serviço
prestado], estimula a superutilização dos recursos da medicina e, muitas das
vezes, sem a real necessidade clinicamente comprovada."
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Principais pontos do modelo
Novo
sistema de atendimento em oncologia nos planos de saúde foi proposto pela ANS e
por entidades
Alerta
de riscos
Clínicas e laboratórios identificam laudos com resultados críticos e emitem alerta para garantir que eles sejam entregues
Clínicas e laboratórios identificam laudos com resultados críticos e emitem alerta para garantir que eles sejam entregues
Laudo
integrado
Paciente tem acesso não mais a resultados de exames separados, mas a um laudo conjunto, o que facilita o diagnóstico
Paciente tem acesso não mais a resultados de exames separados, mas a um laudo conjunto, o que facilita o diagnóstico
Informações
compartilhadas
Sistema de registro permite troca de informações sobre o paciente com ele mesmo e entre profissionais que o atendem
Sistema de registro permite troca de informações sobre o paciente com ele mesmo e entre profissionais que o atendem
Decisões
em conjunto
"Times multiprofissionais" e "grupos de decisão" definem quais linhas de tratamento devem ser adotadas
"Times multiprofissionais" e "grupos de decisão" definem quais linhas de tratamento devem ser adotadas
Coordenador
do cuidado
Profissional de saúde ("navegador") monitora o paciente desde a entrada no sistema de saúde e tem contato direto com ele
Profissional de saúde ("navegador") monitora o paciente desde a entrada no sistema de saúde e tem contato direto com ele
Cuidados
paliativos
Planos estimulam iniciativas para aliviar sintomas e dão suporte geral ao paciente, em especial a quem não teve resposta aos tratamentos
Planos estimulam iniciativas para aliviar sintomas e dão suporte geral ao paciente, em especial a quem não teve resposta aos tratamentos
Criação
de indicadores
Modelo deve ser monitorado por indicadores, definidos entre os participantes, como tempo para conclusão do tratamento e satisfação do paciente
Modelo deve ser monitorado por indicadores, definidos entre os participantes, como tempo para conclusão do tratamento e satisfação do paciente
Modelos
de remuneração
Incentivo a novas formas de remuneração de funcionários pelos planos, com foco nos resultados, e não no volume de procedimentos
Incentivo a novas formas de remuneração de funcionários pelos planos, com foco nos resultados, e não no volume de procedimentos
Fontes: ANS (Agência Nacional de Saúde
Suplementar), Fundação do Câncer e ONG Oncoguia
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