Pesquisadores analisaram mais de 1,6 mil homens durante 10 anos
Por: AFP
15/09/2016 -
10h21min | Atualizada em 15/09/2016 - 10h24min
Foto: Félix Zucco / Agencia RBS
Homens com câncer de próstata
localizado têm baixa probabilidade de morrer no período de 10 anos após o
diagnóstico, independentemente de se optarem pela cirurgia, radioterapia ou por
nenhuma intervenção, disseram pesquisadores na quarta-feira. O estudo publicado
no periódico New England Journal of Medicine incluiu mais de 1,6 mil homens com
idades entre 50 e 69 anos que concordaram em ser aleatoriamente indicados para
cirurgia para remoção do tumor, radiação para reduzi-lo ou vigilância ativa -
ou seja, o acompanhamento dos pacientes para monitorar sinais de progressão da
doença.
Cerca de 1% dos homens do estudo
morreram durante os 10 anos após o diagnóstico de câncer de próstata,
"independentemente do tratamento atribuído, uma taxa consideravelmente
inferior à prevista no início dos ensaios", disse o estudo, liderado por
Freddie Hamdy, da Universidade de Oxford.
Dos 1.643 homens no estudo, 17
morreram de câncer de próstata na primeira década após o diagnóstico - oito no
grupo de vigilância ativo, cinco no grupo de cirurgia e quatro no grupo de
radioterapia.
Aqueles no grupo de vigilância ativa
tinham mais chances de ter o câncer espalhado para outras partes do corpo, um
processo conhecido como metástase.
No entanto, esta progressão da doença
não fez uma diferença significativa na probabilidade de morrer de câncer ou de
qualquer outra causa nos 10 anos após o diagnóstico, segundo o estudo.
Um artigo separado na mesma revista
analisou questões de qualidade de vida entre os homens que escolheram
diferentes opções. A cirurgia para remover a próstata teve o maior impacto
negativo sobre a função sexual e a incontinência urinária, enquanto os homens
no grupo de radiação tendiam a ter mais problemas intestinais após o tratamento
do que os dos outros grupos.
— A função sexual parece ser melhor
no grupo de terapia com radiação — disse Louis Potters, presidente do
departamento de radiação da rede de saúde Northwell Health em Nova York, que
não esteve envolvido no estudo.
Potters elogiou a pesquisa como
"o primeiro esforço real para avaliar abordagens de tratamento para o
câncer de próstata".
— Apesar da alta prevalência de
câncer de próstata como o câncer número um entre os homens, não há um estudo
recente que tenha abordado diretamente a observação, cirurgia ou radioterapia.
Como resultado, os homens tiveram de tomar decisões de tratamento com base em
dados não comparativos — afirmou.
Para John Burn, professor de genética
clínica da Universidade de Newcastle, o estudo fornece "informações
valiosas para homens confrontados com escolhas difíceis".
— A conclusão parece ser que para esses homens com
câncer de próstata localizado, a vigilância ativa não é significativamente mais
perigosa e evita a sobrecarga potencial do comprometimento sexual ou intestinal
medicamente induzidos. Muitos vão concluir que não fazer nada é preferível à
cirurgia ou à radioterapia. Obviamente, se houver evidência de metástase, a
situação é diferente — acrescentou Burn, que não participou do estudo.
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