quinta-feira, 20 de outubro de 2016

Nobel de medicina premia estudo que ajuda na luta contra o câncer

Autofagia, processo estudado por Ohsumi, é um mecanismo de autodestruição celular envolvido em doenças como Alzheimer, Parkinson e câncer
O trabalho do japonês Yoshinori Ohsumi, que ganhou nesta segunda-feira oprêmio Nobel de 2016 de medicina e fisiologia, é fundamental no combate de doenças como câncer e Alzheimer. Desde os anos 1990, o cientista, atualmente professor do Instituto de Tecnologia de Tóquio, pesquisa mecanismos de autofagia, um processo celular de reciclagem e autodestruição.

Etimologicamente, a palavra autofagia significa “comer a si próprio”. Por meio dessa ação, a célula consegue eliminar proteínas, organelas e moléculas velhas, sem função ou que poderiam prejudicar o organismo. Além disso, o mecanismo tem importante papel na “limpeza” de microrganismos invasores, combatendo infecções, envelhecimento e doenças ligadas a esses processos.
De acordo com comunicado da Assembleia do Nobel, que concede o prêmio de Medicina, embora a autofagia fosse conhecida desde os anos 1960, seus detalhes só começaram a ser realmente compreendidos quando Ohsumi descobriu quinze genes fundamentais para o processo, descritos em trabalho publicado em 1993. Em seus experimentos subsequentes, o pesquisador japonês clonou diversos desses genes e revelou suas funções e papel para as células.
Com isso, os cientistas perceberam que problemas na degradação e reciclagem dos componentes celulares estão ligados ao surgimento de doenças como Parkinson, diabetes tipo 2 e distúrbios relacionados ao envelhecimento, como Alzheimer. Além disso, mutações nos genes envolvidos na autofagia podem favorecer o aparecimento de alguns tipos de câncer. A autofagia pode rapidamente fornecer combustível para produzir energia e construir estruturas para a renovação de componentes celulares – por isso, o conhecimento sobre o processo também pode levar ao desenvolvimento de novos tratamentos.

“A descoberta dos genes ligados à autofagia e a elucidação desse mecanismo molecular levou a um novo paradigma na compreensão de como a célula recicla seus conteúdos. Devido a seu trabalho pioneiro, a autofagia é atualmente reconhecida como um processo fundamental na fisiologia celular com grandes implicações para saúde humana”, afirmou a Assembleia do Nobel.

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