Roberta é
fisioterapeuta em Santos (SP) e descobriu câncer aos 27 anos.
Post de amiga que havia descoberto a doença fez ela procurar um médico.
Post de amiga que havia descoberto a doença fez ela procurar um médico.
Orion Pires Do G1 Santos (g1.globo.com)
Mesmo no hospital, Roberta não deixou de sorrir (Foto: Arquivo Pessoal)
Uma
postagem por meio de uma rede social ajudou a fisioterapeuta Roberta Baraçal
Perez, de 27 anos, a descobrir que estava com câncer de mama. Um texto de uma
amiga, que falava do próprio diagnóstico sobre a doença, fez Roberta procurar
um médico e, por coincidência, descobrir que também estava com câncer. A
princípio, com medo do que viria pela frente, ela resolveu fazer uma lista com
50 sonhos que gostaria de realizar. Boa parte dos desejos já foram
concretizados e, agora, ao saber que está curada, ela não vê a hora de
continuar realizando cada uma das metas propostas durante a doença.
"O
câncer de mama não é uma sentença de morte. Quando você conta que está com a
doença, a maioria das pessoas pensa que você é um fantasma ou já está morta e
não é assim. O mais importante é você lembrar que está viva. Claro que no
início foi difícil me acostumar com a ideia de ter câncer aos 27 anos, mas isso
não é uma sentença de morte. Como tudo na vida, há riscos. A doença me fez
lembrar, por exemplo, que eu morava em Santos, no litoral de São Paulo, e não
tomava água de coco”, afirmou a fisioterapeuta em entrevista ao G1.
Roberta ao lado do marido antes e depois do tratamento (Foto: Arquivo
Pessoal)
Durante
as sessões de quimioterapia, Roberta resolveu colocar em um caderno uma lista
com cerca de 50 desejos. Alguns já estão concluídos, mas a "lista",
na verdade, é uma maneira que ela encontrou para não deixar de valorizar o que
parece simples e fácil. "Antes do câncer eu tinha uma rotina de muito
trabalho e deixava de fazer pequenas coisas", conta.
Os
desejos de Roberta envolvem viagens, observar a aurora boreal, mergulhar e até
conhecer o apresentador Jô Soares, objetivo realizado durante o ano passado.
Ela afirma que, apesar de tudo que foi colocado no papel, não há uma ordem para
que cada ponto seja cumprido. "Posso dizer que estou mais feliz agora do
que antes. Estou me dando tempo de realizar a lista. Estou vivendo",
reforça.
A
descoberta
A fisioterapeuta faz questão de destacar que, além da força de vontade e da ajuda do marido no dia a dia, a postagem de uma colega da época de escola no Facebook foi o ponto chave para que ela descobrisse a doença.
A fisioterapeuta faz questão de destacar que, além da força de vontade e da ajuda do marido no dia a dia, a postagem de uma colega da época de escola no Facebook foi o ponto chave para que ela descobrisse a doença.
"Uma
menina que estudou comigo teve câncer de mama aos 26 anos. Foi em 2015. Eu
fiquei chocada na época. Ela fez uma post público falando e eu contei para a
minha irmã. Assustada, eu resolvi marcar médicos e fazer exames. Foi quando, no
'meio de 2016', senti um nódulo na mama esquerda", lembra a jovem, que
afirma ter ficado assustada só de pensar na possibilidade de ter câncer.
Pouco
tempo depois dos primeiros sintomas, veio o resultado do exame confirmando o
diagnóstico de câncer de mama. "Foi no dia 7 de julho de 2016, um mês
depois de eu completar um ano de casada. No dia que descobri, fui procurar essa
menina, porque possivelmente ela salvou a minha vida. Ficamos mais próximas,
trocamos figurinhas, mas eu ainda não tinha externado para ninguém porque não
sabia como fazer. Aos poucos tomei coragem e comecei a contar a minha história
nas redes sociais", lembra.
Força compartilhada
A ideia de Roberta era manter o ciclo informativo que a alertou sobre a doença e continuar passando a mensagem de que é possível conviver com o câncer. Com postagens quase que diárias, ela mostra o "outro lado" do tratamento e conta que, apesar de gostar do próprio cabelo, se sentiu bem careca.
A ideia de Roberta era manter o ciclo informativo que a alertou sobre a doença e continuar passando a mensagem de que é possível conviver com o câncer. Com postagens quase que diárias, ela mostra o "outro lado" do tratamento e conta que, apesar de gostar do próprio cabelo, se sentiu bem careca.
Roberta usa
lenço e diz que continua se sentindo atraente (Foto: Arquivo Pessoal)
"Eu descobri que poderia estar doente por causa da internet. Tinha
que continuar esse ciclo e ajudar de graça. Nunca ia imaginar que saltaria dos
300 seguidores para mais de 4 mil. As pessoas mandam mensagens perguntando o
que fazer e como fazer. Até marido de mulher diagnosticada me procurou. Nessa
hora, é muito importante a presença do companheiro. Eu poderia ter descoberto
aos 50 anos que tinha um parceiro fantástico, mas tudo isso foi antes, porque
ele nunca ficou inseguro ou se lamentou na minha frente", disse.
"Apesar da mudança na aparência, ficar sem cabelo ou sem os seios,
que são pontos que dizem muito para a mulher sobre feminilidade, eu não tive
medo de ser menos mulher, de ficar menos atraente ou não ser reconhecida. Você
aprende a lidar com as transformações físicas do corpo. Eu sei meus limites,
mas continuo fazendo minhas caminhadas, me exercitando e me alimentando mesmo
durante a químioterapia, que já terminei", diz.
Próximo desejo
Praticamente sete meses após ser diagnosticada com câncer de mama, Roberta está curada. Ela comemorou não precisar fazer radioterapia, mas optou por retirar as duas mamas e fazer a reconstrução, além de colocar silicone. A jovem sabe que a rotina nos próximos anos será de alerta e muitos exames para que a doença não volte. Mais importante que isso, é não parar de sonhar e realizar cada desejo da lista que ela mesma criou.
Praticamente sete meses após ser diagnosticada com câncer de mama, Roberta está curada. Ela comemorou não precisar fazer radioterapia, mas optou por retirar as duas mamas e fazer a reconstrução, além de colocar silicone. A jovem sabe que a rotina nos próximos anos será de alerta e muitos exames para que a doença não volte. Mais importante que isso, é não parar de sonhar e realizar cada desejo da lista que ela mesma criou.
"Serei uma paciente oncológica pelo menos pelos próximos cinco
anos. Tenho que continuar me adaptando. Antes do câncer eu trabalhava em uma
UTI pediátrica e tinha sonhos. Meus planos mudaram e a prioridade dos desejos
também. Quero conhecer as sete maravilhas do mundo. O próximo da lista é
conhecer o Cristo Redentor, no Rio de Janeiro, e agradecer a cura",
finaliza.
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